Julho «está perdido», mas a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) tem a perspetiva de um Agosto «razoavelmente preenchido com o mercado nacional» no Algarve.
A AHP apresentou, na manhã desta quarta-feira, 30 de Junho, as suas previsões para o Verão deste ano, numa sessão online em que o Sul Informação marcou presença.
Questionado pelo nosso jornal, Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, considerou que o mês de Julho «está perdido porque os nossos concorrentes, como França, Espanha, Itália, Grécia ou Croácia têm números que permitem o acesso dos alemães e dos britânicos».
Ainda assim, a expetativa é que «Agosto estará razoavelmente preenchido com o mercado nacional» e Setembro e Outubro «melhorará em relação à perspetiva que temos para o Algarve».
«Acreditamos que em Setembro a situação melhore e pode haver alguma transferência e as chamadas reservas de última hora», disse este responsável.

Segundo os dados apresentados pela AHP, as perspetivas para as reservas em Agosto, na região, são um pouco acima dos 60%.
O número, que é nesse mês o mais elevado em todo o país, desce em Setembro para cerca de 50% e volta para 55% em Outubro.
Quanto aos mercados emissores, há uma prevalência do mercado interno que se espera que represente 88% dos turistas. Segue-se Espanha (69%) e França (50%).
O Reino Unido, com 30%, e a Alemanha (29%) ainda têm dados consideráveis, mas que deverão ser mais baixos, uma vez que as previsões foram feitas numa altura em que, por exemplo, a Alemanha ainda não tinha colocado Portugal na lista vermelha.
Quanto à contratação sazonal, 68% dos inquiridos afirmou ter intenções de reforçar as equipas através da contratação de trabalhadores em regime temporário.
Certo é que, este ano, «ainda não podemos falar de retoma turística», lamentou Raul Martins, até porque 40% dos turistas vê a restrição de voos e limitação de mobilidade como um impedimento – já 26% assume que tem medo de ser infetado com Covid-19.
Em relação ao certificado verde digital, que deveria isentar os turistas de quarentenas, Cristina Siza Vieira, vice-presidente da AHP, lembrou que a sua existência está regulada «e não é uma recomendação», alertando para que a Alemanha «está a incumprir» ao obrigar na mesma ao isolamento dos cidadãos que viajem para Portugal.
«É importante deixar a lógica de país e passar para uma lógica de pessoas. Isto tem, do ponto de vista da equidade, discrepâncias, mas os tempos são estes. Não vale a pena jogar com países que hoje estão melhores e amanhã estão piores», disse.
Quanto às perspetivas para este ano, esta responsável acredita que, «apesar de a retoma ter abortado», o ano «não será pior do que 2020 porque temos o mercado interno que vai contrabalançar».
Para consultar o estudo completo da AHP, pode clicar aqui.