Alunos de Escola de Beja inauguram painel de azulejos que eles próprios fizeram

Alunos produzem objetos cerâmicos que fazem inveja a muitos profissionais e que podem ser adquiridos

A Escola Mário Beirão, em Beja, já ostenta, numa das suas paredes, um painel de azulejos criado pelos alunos do Curso de Educação e Formação (CEF) de Pintura e Decoração do Agrupamento de Escolas nº2 da cidade. A inauguração teve lugar esta quinta-feira, ao final da tarde.

O mural instalado na entrada da escola pretende assinalar os 500 anos da azulejaria e Mariana Conduto, diretora do curso e uma das professoras responsáveis pelo projeto, revela que o objetivo foi que “o painel atravessasse estes 500 anos, desde o século XV até ao século XX”.

Trabalhos de instalação do painel

Quem frequenta este curso “são alunos que vêm somando insucesso, atrás de insucesso, que chegam aos 15 anos de idade” e continuam “no 6º e no 7º ano, alguns no 8º, mas poucos”, explica a professora responsável pelo CEF, frisando que são “alunos que não se reveem no currículo dito normal”.

Foi precisamente para colmatar esta “falha” e para “arranjar uma alternativa motivadora a estes miúdos, explorando as suas capacidades na área das artes e ofícios”, que surgiu o Curso de Educação e Formação de Pintura e Decoração, revela Mariana Conduto, em entrevista ao Sul Informação.

“São miúdos com problemas comportamentais”, mas que, “através da arte, conseguem mudar comportamentos” e que “veem que são capazes de fazer coisas”, tal como evidencia o painel de azulejos, ontem inaugurado.

 

 

 

Além de representar “a transversalidade do azulejo, ao longo destes séculos e épocas com características diferentes”, o trabalho da autoria dos alunos do CEF pretendeu, também, ser uma representação “das várias técnicas que aprenderam, ao longo dos dois anos do curso”.

 

Mariana Conduto lamenta, contudo, que, tendo em conta a importância que “as manualidades” têm assumido na vida destes alunos, o seu futuro talvez não passe pela área das artes e ofícios, uma vez que, “em Beja, não há resposta imediata para eles”.

Uma das soluções para contornar esta situação passaria, na sua opinião, pela criação de um Centro Azulejar ou um Centro Ceramista, em Beja. Ou possibilitar que os alunos pudessem prosseguir a sua formação no Cencal, o Centro Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, sediado nas Caldas da Rainha.

 

Ao longo dos dois anos do curso, que lhes irá permitir terminar o 9º ano, os jovens desenvolveram inúmeros trabalhos, nomeadamente, objetos cerâmicos que fariam inveja a muitos profissionais.

Mariana Conduto revela que, na Prova de Aptidão Final, os alunos escolheram um tema para trabalhar, que vai “desde as papoilas, às estevas”, a nomes de grandes artistas, como os pintores “Amadeu Souza Cardoso e Picasso” e que, foram o mote para a conceção de autênticas peças de arte, que têm despertado o interesse da comunidade de Beja, podendo mesmo ser adquiridas na Escola Mário Beirão.

 

 



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