40 “tigres pelos ares” e mil militares “a olhar o céu” em Beja

«Estamos a provar que é possível, em contexto de pandemia, desde que se cumpram as regras»

Foto: Força Aérea Portuguesa

O céu de Beja foi cruzado constantemente por 40 aeronaves nas últimas duas semanas, de caças supersónicos a helicópteros monomotor, incluindo inéditas missões noturnas, num exercício da NATO com 60 anos de história: “Encontro de Tigres”.

O “NATO Tiger Meet 21”, que termina hoje após cancelamento há um ano devido à pandemia de covid-19, desenrolou-se na maior das cinco bases aéreas portuguesas, a BA11, uma das maiores da Europa, com 800 hectares, na planície do baixo Alentejo, contando com forças de outros seis países (EUA, França, Itália, Grécia, Polónia e a neutral Suíça) e mais de mil militares.

Canceladas foram as presenças espanhola, por imprevisto de última hora nos aparelhos designados, e holandesa, por suspeita de infeção com SARS-Cov-2 num dos efetivos. Todos os participantes tinham de ter um teste PCR negativo nos últimos três dias antes da chegada.

«Este é o maior exercício da NATO este ano. Toda a gente está a precisar muito de treinar. Estamos a provar que é possível, em contexto de pandemia, desde que se cumpram as regras. É possível continuar a operar com todos os critérios de segurança», garantiu à Lusa o coronel Carlos Lourenço (“Corvo”), chefe do Estado-Maior do Comando Aéreo.

Com 50 anos, o piloto de caças F-16, com três mil horas de voo em 15 anos de experiência na BA5 (MonteReal), o diretor do exercício sublinhou a importância do evento.

«As operações de múltiplos domínios, hoje em dia, são a única forma de trabalhar. Individualmente não conseguimos concretizar de forma capaz e competente. A única maneira é trabalhar em conjunto, vários domínios – aeronaves, mas também Exército e Marinha -, e tudo o que é serviços espaciais e Ciberdefesa», disse.

Sobre os cerca de 30 aparelhos da norte-americana Lockheed Martins que Portugal possuí – nem todos operacionais ao mesmo tempo devido à manutenção ou períodos de atualização -, Carlos Lourenço destaca as “velocidades ‘Mach 2’ (2.500 km/h), embora não seja a velocidade tática.

«Algures entre 900 e 1.000 km/h é mais capaz, em termos de competência e manobra, com vantagens em gasto de combustível. Tem mais eficácia», explicou, adiantando que os motores Pratt-Whitney F100-PW-220E daquelas aeronaves (15m de comprimento por cinco de altura e envergadura de 10m) gastam uma média de 1.500 litros de combustível por hora.

O primeiro “Tiger Meet” realizou-se em Julho de 1961 na base aérea britânica de Woodbridge e desde lá, espelhando o espírito de missão, as várias esquadras aderentes, capricham nas pinturas tigradas, que simbolizam o orgulho na divisa: “difícil ser humilde”.

Portugal recebeu os “tigres” porque a sua esquadra 301, “Jaguares”, dos F-16 – uma das 11 esquadras ativas da Força Aérea – foi a melhor no “NATO Tiger Meet 19”, em Mont-de-Marsan, França, ganahndo o troféu “Tigre de Prata” e o prémio “Espírito Tigre”, reedições de êxitos portugueses em 1980, 1985 e 2011.

 

 



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