Nas últimas décadas, presenciámos o surgimento de novas tecnologias que revolucionaram o modo como vivemos. O tão falado 5G, que permite a comunicação sem fios, representa um enorme salto em qualidade e traz associado um conjunto de desafios e oportunidades.
O 5G vem aumentar consideravelmente a velocidade de comunicação sem fios, permitindo atingir velocidades semelhantes à fibra (10Gbps). O nível de qualidade das comunicações móveis alcança uma melhoria significativa, devido ao aumento de velocidade (10 a 100 vezes) e diminuição de latência (tempo de resposta para metade).
As oportunidades da revolução 5G apresentam-se principalmente na construção de novas aplicações sobre esta tecnologia. O 5G permite implementar a IoT (Internet of Things), onde todos os dispositivos estão online e conectados, estabelecendo a aquisição de dados entre dispositivos (fixos ou móveis) instantaneamente.
No futuro, o 5G vai permitir por exemplo, a condução autónoma de automóveis em cidades inteligentes, em que o estado dos semáforos é disponibilizado por dispositivos IoT; a cirurgia remota a pacientes com visualização em tempo real e sem atrasos; a visualização de repetições de lances críticos em estádios de futebol e o acesso a estatística em tempo real. Em suma, é obtido o acesso instantâneo aos dados em tempo real.
Existem dúvidas sobre o risco para a saúde pública na exposição a campos eletromagnéticos de rádio frequência. As frequências utilizadas no 5G estão numa banda superior (25-39GHz) relativamente à geração anterior, alcançando maior velocidade e radiando com menor nível de potência. Neste sentido, as ondas de frequência têm menor potência e menor alcance, não apresentando qualquer problema acrescido.
Os desafios estão relacionados com a enorme quantidade de dados em circulação e a segurança e privacidade. Se constantemente ouvimos falar de ameaças e ciber-ataques entre países, num ambiente digital com estas características, o risco aumenta. É crítica a definição de políticas de segurança no acesso aos dados.
No passado, a empresa norte-americana Cisco era líder no desenvolvimento de dispositivos de redes de comunicações e, neste momento, a líder é a empresa chinesa Huawei. Num ambiente de ciber-ataques, existe um risco real em fornecer o controlo das tecnologias de comunicação a apenas uma entidade.
O 5G é um salto enorme na qualidade das comunicações móveis, mas, devido ao seu curto alcance, vai coexistir durante muito tempo com o 4G.
Esta tecnologia abre uma nova janela de oportunidades, permitindo criar novas aplicações assentes em comunicações de elevado débito.
O desenvolvimento das cidades inteligentes é uma das aplicações mais interessantes, tendo por base redes de sensores, comunicação de alto débito, visualização de dados e decisão em tempo real.
Autor: Tiago Candeias é diretor da licenciatura em Engenharia Informática do ISMAT
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