Com o mote “Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir”, de José Saramago, a peça “Memórias”, que vai estar em apresentação na Casa das Virtudes (Faro), vai levar o público a uma criação utópica, num jogo de luzes e de sons, com direito a dança e a algumas acrobacias aéreas.
A Casa das Virtudes, situada no Parque Ribeirinho de Faro, reabre ao público no dia 23 de Abril, com a estreia da peça «Memórias», com autoria da dupla Gérald de Oliveira e Ricardo Morujo, que estará em cena até 2 de Maio.
No ensaio aberto à comunicação social, a dupla ensaiou três cenas da peça, mostrando um pouco do seu trabalho aos jornalistas. A ideia para o espetáculo, explicou Ricardo ao Sul Informação, «foi pegar na questão das memórias do ser humano».
A peça conta a história de dois escribas que vagueiam por um mundo mundano, onde vão recolhendo memórias e vivências dos seres que o habitam.
Sendo totalmente alheios a um comportamento humano, no decorrer da escrita de diários, «vão revivendo as memórias, passando-lhes pelo corpo todas as emoções que o ser humano sente quando as vive» Estas vivências vão levá-los numa viagem de experimentação das sensações recolhidas, sejam elas boas ou más.
Ao longo do espetáculo, os dois escribas «vão vivendo uma evolução a nível de memórias, passam pelas boas memórias, que são o pilar do ser humano, e chegam às más, o lado negro que o ser humano também consegue ter».
No final do espetáculo, terão de tomar uma decisão, «se hão de continuar e auxiliar os seres humanos ou se desistem». Por isso, fica o convite: «têm de vir ver o espetáculo para saber», diz Gérald.
A apresentação terá a duração aproximada de 50 minutos.
Gérald e Ricardo, para além de protagonistas e de estarem ligados à dramaturgia, à encenação e à cenografia da peça, são também dois dos fundadores da Casa das Virtudes.
Gérald ingressou na Escola Profissional de Artes e Ofícios de Espetáculo, a famosa escola Chapitô, onde produziu e encenou o seu primeiro espetáculo, uma peça infantil.
A partir daí, começou a produzir e a encenar várias peças, a participar em vários projetos de animação e espetáculo a nível nacional e internacional, sendo também produtor em diversas vertentes como animação, espetáculo, eventos, projetos de rua, televisão, entre outros.
Já Ricardo Morujo iniciou a sua vida profissional aos 18 anos no Teatro Maria Vitória. Fez vários programas de televisão e participou diversas vezes na abertura dos Globos de Ouro.
Fez parte de diversos espetáculos de Filipe Lá Feria, no Teatro Politeama e no Casino de Estoril, tendo integrado, posteriormente, o elenco fixo da tour da cantora Blaya, como bailarino, com a qual realizou várias digressões a nível nacional e internacional.
Em Agosto de 2019, Gérald e Ricardo decidiram mudar a sua vida de um dia para outro. «Em duas semanas, decidimos pegar nas nossas coisas, fizemos as malas, despedimo-nos dos nossos trabalhos em Lisboa e viemos para cá», rumando assim ao Algarve, mais precisamente a Faro.
Com mais dois sócios, fundaram a Casa das Virtudes, um projeto cultural com a finalidade de acolher e promover as artes e os artistas portugueses e de origem lusófona, com uma programação multifacetada como circo, dança, música, artes plásticas, entre outros.
O projeto abriu portas em Janeiro de 2020, contando com bastante sucesso, mas foi obrigado a fechar pouco depois, devido à pandemia. Ainda assim, ninguém deixou de trabalhar, mesmo estando em layoff. «Estivemos aqui todos os dias para que a reabertura tivesse um grande espetáculo, de modo a que as pessoas venham cá e se divirtam», garantiu a dupla.
Para o futuro, ficou a promessa de mais espetáculos, abrindo agora a temporada com o «Memórias», que estará em cena de 23 de Abril a 2 de Maio, com sessões à sexta-feira, às 21h00, e ao sábado e domingo, às 11h30, na Casa das Virtudes, em Faro.
Fotos: Rúben Bento | Sul Informação
