Odemira discorda de “marcha-atrás” no desconfinamento com regras «injustas» para o concelho

Câmara Municipal de Odemira defende aplicação de uma cerca sanitária no concelho

A Câmara Municipal de Odemira discorda das medidas adotadas pelo Governo, no âmbito do processo de desconfinamento, que fizeram o concelho alentejano regressar à anterior faseEm comunicado enviado, esta sexta-feira, às redações, a autarquia considera as regras aplicadas ao município «injustas» e «duvida da sua eficácia – face à realidade socioeconómica e demográfica sobejamente conhecida neste território – que se insiste em ignorar».

O executivo odemirense, que recebeu a notícia de que o concelho iria regredir no processo de desconfinamento, quando estava em reunião de Câmara, deliberou nessa mesma reunião, por unanimidade, propôr ao Governo que reveja «imediatamente a metodologia de cálculo dos indicadores que serviram de base à decisão» e que, depois de «corrigidos os indicadores, deve ser revista a aplicação das medidas adotadas».

Caso não se alterem esses indicadores, entende o executivo odemirense, «o Governo de Portugal deve considerar imediatamente a tomada de medidas adicionais, designadamente ao nível da restrição de circulação com origem/destino ao concelho», ou seja, a autarquia defende que deve ser aplicada uma cerca sanitária.

Esta é uma posição que José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, já tinha defendido no início no mês.

A questão é que Odemira – a par de Portimão, Moura Odemira e Rio Maior – é um dos quatro municípios de todo o país que registaram mais de 240 casos de Covid-19 por cem mil habitantes em 14 dias (entre 31 de Março e 13 de Abril).

Só que, no caso de Odemira, e tendo em conta que o cálculo desta taxa tem apenas como base a população fixa, as contas não correspondem à realidade.

No comunicado enviado hoje às redações, a Câmara de Odemira explica que a realidade socioeconómica do concelho de Odemira é «claramente desconsiderada nesta decisão», porque «se insiste que a população do concelho de Odemira é de 24.717 habitantes, quando se sabe que se encontram no território em permanência mais de 40.000 pessoas».

A razão para a discrepância entre os números reside nos trabalhadores migrantes que, apesar de serem as maiores vítimas da Covid-19 (até pelo facto de viverem muitas vezes em complexos sem condições de afastamento físico), não contam para os cálculos da taxa de incidência.

Além disso, prossegue a Câmara Municipal, para justificar a sua discordância com as medidas governamentais, «o concelho de Odemira – o maior do país, com uma área de 1721 km2, próxima do menor distrito de Portugal – tem 8 das suas 13 freguesias sem casos de infeção» e «as atividades económicas penalizadas com estas medidas não têm surtos ativos».

 

 

 




 

 

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