“Estão reunidas condições para última fase do desconfinamento”

A opinião foi manifestada pelo Médico de Saúde Pública da ULSBA, numa entrevista ao Sul Informação

O médico de Saúde Pública da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) considera que estão reunidas condições para o arranque da próxima e última etapa do desconfinamento – já na próxima segunda-feira -, mas frisa que esta progressão tem de ser acompanhada das respetivas medidas de proteção contra a Covid-19.

Esta opinião foi, também, partilhada, esta quinta-feira, pela Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, da qual Mário Jorge Santos foi presidente durante 16 anos.

O responsável afirma que, atualmente, “o número de pessoas vulneráveis à doença diminuiu e os indicadores estão a evoluir a bom ritmo”.

Nesse sentido, considera que “estão criadas condições para, a pouco e pouco, irmos retomando a nossa vida com normalidade, evidentemente, sempre com atenção aos surtos que vão surgindo, com particular atenção, às pessoas que são originárias de países de alta incidência e que não têm capacidade de vacinação”.

Apesar dos números de infetados serem, agora, mais baixos, foram detetados, recentemente, em Portugal, seis casos da variante indiana da Covid-19.

Dada a forte presença de comunidades indianas, no Alentejo, Mário Jorge Santos revela que, apesar de ainda não ter sido detetado nenhum caso, na região, “é, apenas, uma questão de tempo” até ser identificada “essa variante no nosso território”.

“A Índia é, neste momento, o país mais flagelado pela pandemia, com cerca de 350 mil casos diários, que é uma coisa monstruosa e como a comunidade com proveniência desses países, é tão grande”no Alentejo “é de esperar que surja essa variante”, diz.

A prioridade, na opinião do médico de Saúde Pública da ULSBA, “é vacinar o maior número de pessoas possível”, acrescentando que “a maior preocupação” é o eventual surgimento de novas variantes que resistam às vacinas que estão a ser utilizadas.

Questionado, pelo Sul Informação, sobre o ponto da situação epidemiológica, no Baixo Alentejo, Mário Jorge Santos explica que “os números vão variando de acordo com as operações que nós [Saúde Pública] desencadeamos”.

O responsável clarifica que “as cadeias epidemiológicas estão todas identificadas e, portanto, normalmente, quando os casos são identificados, na sua esmagadora maioria, são casos que já estão em isolamento e, por isso, já não têm capacidade de transmissão”.

“Há momentos em que fazemos rastreios alargados dentro dessas cadeias de transmissão em que aparecem muitos casos. É mesmo esse o objetivo: identificar todos os casos e antecipar o diagnóstico, antes da disseminação”, frisa.

Apesar da situação estar estabilizada, Mário Jorge Branco esclarece que, nos próximos dias, poderão surgir novos casos, uma vez que, a Saúde Pública tem em curso uma operação de rastreio.

Contudo, a perspetiva do médico de Saúde Pública da ULSBA, quanto à evolução da pandemia na região, é “bastante otimista”, devido “à vinda mais massiva de vacinas”.

Mário Jorge Santos defende que é fundamental “mantermos as medidas de proteção contra a Covid-19, porque, apesar da situação estar controlada, temos alguns concelhos em risco”. Na sua opinião, importa redobrar os cuidados, pelo menos, “até obtermos taxas de vacinação mais significativas”.

A rematar, destaca aquele que diz ser “um cuidado muito, muito importante, que está sempre a relembrar”, mas que “tem sido uma mensagem que não tem passado” como desejaria: “quem está doente não vá trabalhar”.

O médico considera que “os portugueses são muito trabalhadores e há uma certa desvalorização dos sintomas ligeiros” da Covid-19 “porque não incapacitam” ao nível laboral, “mas podem incapacitar outras pessoas e ser focos de transmissão”.

 
 

 
 



Comentários

pub