Dias depois do irmão Carlos, morreu Júlio Costa, do Trio Odemira

A ministra da Cultura já manifestou o seu pesar

Júlio Costa, co-fundador do Trio Odemira, faleceu ontem, sexta-feira, aos 85 anos, poucos dias depois do seu irmão Carlos, que com ele criou a conhecida banda de música popular portuguesa.

O desaparecimento do artista já foi lamentado «profundamente» por Graça Fonseca, ministra da Cultura, que considerou o projeto dos dois irmãos uma «das colaborações mais emblemáticas e produtivas da música popular portuguesa».

«A música popular portuguesa deve muito a Júlio Costa e ao trabalho conjunto do Trio Odemira, exemplo maior de uma conjugação entre o cancioneiro português e a expressão maior da música popular das mais diversas culturas e origens. Ao longo dos anos Júlio Costa, juntamente com os seus cúmplices, foi o rosto e a marca de um modo de contar a história dos povos e das comunidades e, também, de através da música, as dar a conhecer e preservar», diz Graça Fonseca.

Os irmãos Carlos e Júlio Costa foram, ainda em crianças, para Odemira.

Corria o ano de 1943 quando a família se estabeleceu na vila alentejana, adquirindo uma tipografia e lançando o jornal “Odemirense”, segundo conta a Câmara de Odemira, no seu site.

«A emoção de Júlio e Carlos Costa quando recordam a sua juventude em Odemira, e que transmitem quando visitam a vila, demonstra o sentimento que une o Trio Odemira à vila», diz a autarquia.

Ainda com o nome “Dois Odemira”, o conjunto, que juntava os dois irmãos, nasceu em 1955, quando venceram um concurso de talentos do programa “Companheiros de Alegria”, de Igrejas Caeiro.

Mais tarde, o “Dois Odemira” passou a “Trio Odemira”, com a entrada de José Ribeiro. Temas como “Rio Mira”, “Ana Maria” ou “Anel de Noivado” foram grandes êxitos desta banda.

Em 2008, a Câmara de Odemira atribuiu a Medalha Municipal de Mérito ao Trio Odemira, «tendo em conta o importante papel na divulgação do nome de Odemira em Portugal e no Mundo».

«No imaginário de várias gerações de portugueses, fica a memória de um reportório pleno de encontros entre as mais profundas tradições e a capacidade de, ao se narrarem histórias, se poder prolongar, no fazer contemporâneo, os sons de tantas memórias coletivas a que o conjunto deu novos caminhos», lê-se, ainda, na nota de pesar da ministra da Cultura.

«Acarinhado pelo público português, o Trio Odemira é indissociável do talento e da criatividade de Júlio e Carlos Costa, os fundadores desta banda que a história da música popular portuguesa recordará sempre pelo exemplo de quem votava a esta arte uma dedicação inabalável. Na voz de Júlio Costa, chegou-nos um mundo e, também, o nosso mundo chegou a outros. Percorreram o país e o estrangeiro, levando Portugal e as suas memórias nas músicas, muito em particular as sonoridades do Alentejo, mas aprendendo permanente e incorporando na sua, as tradições de muitos outros», conclui Graça Fonseca.

 

 



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