Covid-19: Beja tem tudo preparado para a vacinação, só faltam as vacinas

A vacinação, no concelho de Beja, está a cargo da ULSBA e irá chegar a mais de 4000 mil pessoas. Processo tem causado polémica entre os bejenses

A vacinação contra a Covid-19, no concelho de Beja, que deveria ter começado no passado dia 10, ainda não teve início, situação que tem causado apreensão na população. O presidente da Câmara bejense frisa que apenas se está a aguardar pela chegada das vacinas. 

Nesta fase, o processo de vacinação contra a Covid-19 é destinado a pessoas com mais de 80 anos e entre os 50 e os 79, com doenças graves. No concelho bejense, existem 4300 pessoas consideradas prioritárias.

A campanha de vacinação à população vai decorrer no Pavilhão Municipal João Serra Magalhães, numa estrutura que é previsível que permaneça montada até 31 de agosto.

Paulo Arsénio explicou à Rádio Pax que “as vacinas não chegaram ao destino, mas não há nenhum complô, nem nenhuma teoria da conspiração contra Beja, nem contra o Baixo Alentejo”, tratando-se, apenas de “uma questão nacional”.

O autarca afirma que “estamos sempre presos por ter cão e por não ter”. Na sua opinião, “se as vacinas tivessem chegado na altura” prevista e a estrutura não estivesse montada, provavelmente diriam que “em Beja poderia ter havido uma vacinação mais incisiva”, se a autarquia tivesse “uma estrutura preparada”.

Neste caso, “a Câmara de Beja preparou a estrutura, mas as vacinas não chegaram” e, agora, pergunta-se “está ali a estrutura montada, mas ainda não foi utlizada”, diz Paulo Arsénio, garantindo que “vai ser”.

 

 

“O problema deste nervosismo em torno das vacinas reside na escassez do número de vacinas” que chegaram ao país, salienta Paulo Arsénio.

O presidente da autarquia de Beja explica que, em Aljustrel, já começou o processo de vacinação, por ser o município na zona de intervenção da ULSBA com mais casos por 100 mil habitantes, nos últimos 14 dias.

Moura está referenciado como o segundo concelho com mais casos, seguido de Beja, com 1114 casos por 100 mil habitantes, nos últimos 14 dias.

“Tudo indica que Beja poderá ser o terceiro concelho do Baixo Alentejo onde a vacinação irá arrancar”, esclarece o autarca.

Paulo Arsénio ressalta que, “do ponto de vista logístico, a autarquia tem tudo preparado para o começo da vacinação. Resta aguardar a chegada das vacinas, um assunto que foge às competências do município”.

 

 

Em declarações à Rádio Pax, no dia 12, Paulo Arsénio tinha avançado que poderão ser vacinadas “350 pessoas por dia”, com base nas informações prestadas pelas autoridades de saúde, segundo as quais “uma equipa de quatro pessoas consegue fazer 50 vacinações por hora”.

Adiantou, igualmente, que, no total, serão quatro os postos de vacinação instalados no Pavilhão Municipal, explicando que estão preparados circuitos separados, com zonas de espera “antes e depois” da inoculação, devidamente “separadas e distanciadas”.

O autarca acrescentou, naquela altura, que, “se as vacinas iniciais forem administradas em número reduzido por dia”, o processo poderá vir a decorrer no Centro de Saúde.

Caso o número dispare e se verifique que “as condições de espera no Centro de Saúde não são apropriadas, a administração da vacina passará a ser feita no Pavilhão João Serra Magalhães, esclareceu o autarca socialista.

O presidente da Câmara de Beja tinha igualmente dito que, se fosse fornecido o número de vacinas suficiente, haveria a hipótese de, até ao final de março, as pessoas abrangidas nesta fase, estarem vacinadas.

 

Conceição Margalha e o marido Luís Miranda, em foto de arquivo (publicada no Facebook da Concelhia do PS Beja)

Esta tem sido uma matéria que tem causado muita apreensão, entre a comunidade bejense, mas tomou maiores proporções depois de José Barriga, médico especialista em medicina interna, ter acusado, na semana passada, dia 15, numa entrevista à CMTV, que a presidente do Conselho de Administração da ULSBA se aproveitou “do cargo que desempenha para vacinar amigos e familiares, uma vez que Luís Miranda [marido e vice-presidente da autarquia de Beja] já foi vacinado”.

Conceição Margalha esclareceu, na altura, que foi vacinada dentro do alargamento do processo de vacinação aos funcionários do Hospital.

Já Luís Miranda recorreu à sua página pessoal de Facebook, onde escreveu: “É indecorosa qualquer associação a uma situação de privilégio no acesso à vacina, pelas funções públicas que desempenho ou por proximidade familiar. Fui convocado como cidadão com mais de 50 anos, portador de doença coronária, com vários episódios e fatores de risco. Fui vacinado no momento indicado pelo calendário do Plano Nacional de Vacinação. Nem antes nem depois. Vivemos tempos difíceis, mas não vale tudo. Muito menos mentiras e calúnias”.

Três dias depois, a ULSBA anunciou que se “iniciou a 17 de fevereiro de 2021, no Centro de Saúde de Aljustrel, a administração de vacinas aos utentes pertencentes ao grupo prioritário definido pela Direção-Geral da Saúde”.

Na mesma publicação, lê-se que “dá-se, igualmente, conhecimento que se procedeu à vacinação de utentes com mais de 50 anos e com comorbilidades, cumprindo a Norma da DGS (…) que sofreu atualização em 09.02.2021 (…) nos diversos Centros de Saúde da ULSBA, desde o dia 21 de janeiro de 2021, utilizando vacinas de ERPIS em surto, na sequência de orientações emanadas superiormente, tendo à data de 12 de fevereiro de 2021 já sido vacinadas 672 pessoas, 397 das quais já com o processo de vacinação completo”.

Sobre esta polémica, também Paulo Arsénio, presidente da Câmara de Beja, se pronunciou, este domingo, garantindo que ” o vice-presidente Luís Miranda foi vacinado contra a Covid-19, como o foram dezenas de outros cidadãos do concelho de Beja com a mesma idade e com as mesmas patologias associadas nas mesmas datas, por ter sido convocado pela médica de família”.

“A função que ocupa não foi critério para a sua vacinação. Quem deve prestar cabais esclarecimentos sobre a convocatória do vice-presidente Luís Miranda e de dezenas de outras pessoas nas mesmíssimas condições, deve ser quem procedeu à dita convocatória para a vacinação”, acrescentou ainda o edil.

 

 

 

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