Um abutre-preto (Aegypius monachus), uma espécie criticamente em perigo em Portugal, foi libertado em Mértola, no passado dia 14 de Janeiro por colaboradores do RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa e por vigilantes da natureza do Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
Além deste abutre, recolhido em Serpa, foram também libertados cinco grifos (Gyps fulvus) que haviam foram encontrados exaustos em diferentes zonas do Baixo Alentejo e Algarve.
O abutre-preto, «rapidamente batizado de Bruma», por ter sido libertado num dia que «amanheceu nublado e misterioso» a partir de uma colina sobre o rio Guadiana, foi equipado com um emissor GPS-GSM fornecido pela Vulture Conservation Foundation (VCF).
Segundo o RIAS, «através dos dados transmitidos pelo emissor colocado, sabemos que após a sua libertação rumou para leste e está agora em Espanha».
A viagem do Bruma pode ser acompanhada aqui.
Segundo o Centro, «a devolução à Natureza deste animal é um importante contributo para a sua conservação».
Há um ano, «o RIAS reabilitou e libertou outro abutre-preto (denominado então RIAS, em homenagem ao nosso centro). Esta ave encontra-se atualmente em Espanha, na zona de Monfrague».
O abutre preto está classificado como “Criticamente em Perigo” em Portugal e extinguiu-se como espécie reprodutora no nosso país na década de 1970, principalmente devido ao uso generalizado de carcaças envenenadas para eliminar predadores indesejados.
«Esta prática é atualmente ilegal e o seu uso está felizmente a diminuir», realça o RIAS.
Com o aumento da população desta espécie em Espanha, abutres-pretos passaram a ser vistos com regularidade em Portugal, com a primeira reprodução registada no Centro de Portugal (Tejo Internacional), em 2010, onde agora existe uma pequena colónia de cerca de vinte casais, e depois no canhão do Douro Internacional, no Nordeste de Portugal, onde existem dois casais.
Em 2015, a espécie recolonizou a Herdade da Contenda, no Sudeste de Portugal e tem criado com sucesso desde então nesse local, existindo agora pelo menos dez casais reprodutores.
Nos últimos anos, biólogos e agentes de conservação da natureza têm estado a monitorizar de perto o crescimento das populações de abutre-preto em Portugal.
Com a ajuda da VCF e da fundação MAVA, foram já marcados 12 abutres-pretos – 5 crias no ninho nas colónias do Douro e Contenda, e 7 aves oriundas de centros de reabilitação de fauna silvestre.
O emissor, que permite seguir os abutres, «pesa apenas alguns gramas e fornece dados valiosos que ajudam a informar ações de conservação mais precisas».
Com os dados fornecidos, «são seguidos os movimentos, as áreas de alimentação e hábitos dessas aves, e permitem também detetar quando os abutres ficam feridos ou morrem».
Os dados revelam também as ameaças que os abutres enfrentam durante as suas viagens, o que permite aos conservacionistas realizar ações que reduzam os riscos e ajudem a apoiar a recolonização.
Com a recuperação da espécie em Espanha, tem havido uma série de projetos de conservação que apoiam a conservação desta espécie no nosso país, como é o caso do projeto transfronteiriço LIFE Rupis no Douro Internacional.
A LPN também liderou o LIFE Habitat Lince Abutre, que terminou em 2014. Este projeto estabeleceu uma rede de 10 locais de alimentação e construiu 30 plataformas de nidificação artificiais na área da Contenda, que foram fundamentais para a recolonização da região.
Veja as imagens da libertação:
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