Pedro Mestre e Luís Baldão disputam semifinal do concurso “Cantares ao Desafio” da RTP

O cante a despique e o cante ao baldão voltaram a ganhar força no início deste século

A dupla de cantadores Pedro Mestre e Luís Baldão, em representação do Centro de Valorização da Viola Campaniça e do Cante de Improviso, de Odemira, vai participar na semifinal do concurso promovido pela RTP “Cantares ao Desafio”, no dia 12 de janeiro, no programa Praça da Alegria. Os cantadores vão mostrar o cante ao despique e ao baldão, práticas de improviso do Baixo Alentejo.

O concurso “Cantares ao Desafio” convida os telespectadores a participarem numa competição de desgarrada, ao vivo, durante a emissão do programa da RTP1 “Praça da Alegria”. Este desafio tem como mentores Augusto Canário e Cristiana Sá.

«A participação dos cantadores Pedro Mestre e Luís Baldão nesta iniciativa é mais uma forma de divulgar uma tradição muito forte da nossa região e dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pelo Centro de Valorização da Viola Campaniça e do Cante de Improviso», explica a Câmara de Odemira.

O cante ao despique e baldão é uma forma de cantar totalmente de improviso e ao desafio, que se cantava em todo o Baixo Alentejo, chegando mesmo à serra algarvia.

Contudo, era nos concelhos de Odemira, Ourique, Castro Verde e Almodôvar que tinha a sua maior expressão e prática mais constante.

Na segunda metade do século XX, o cante perdeu dinamismo e foi diminuindo a sua atividade, devido ao desaparecimento de muitos dos seus intérpretes e ao desinteresse por esta tradição. No final do século XX, voltou a ganhar nova vida e fôlego.

O cante a despique e o cante ao baldão são diferentes. O despique surgiu em primeiro lugar, sendo comum em todas as feiras e romarias do Baixo Alentejo, onde todos os cantadores afamados acorriam, onde era normal “acertarem as contas” que tinham ficado pendentes da feira anterior.

Por vezes, havia mais que um cante na feira, tendo cada barraca de comes e bebes meia-dúzia de cantores. O cante de despique obrigava todos os cantores a “seguirem o ponto”, ou seja, a utilizarem sempre a mesma rima nas suas cantigas. Quem não o fizesse pagaria uma rodada aos restantes.

Devido à rigidez do despique (e às suas consequências), procurou-se arranjar uma forma de cantar ao desafio mais solta, mais “à balda”. Surgiu assim o cante ao baldão, que, apesar de possuir uma estrutura fixa, não obedece a ponto.

O Centro de Valorização da Viola Campaniça e do Cante de Improviso resulta de um consórcio entre o Município de Odemira, Junta de Freguesia de S. Martinho das Amoreiras, Casa do Povo de S. Martinho das Amoreiras e Associação para o Desenvolvimento de Amoreiras-Gare.

Estas entidades uniram esforços para o estudo, formação e divulgação das manifestações instrumentais e vocais associadas à Viola Campaniça, ao Cante de Improviso e à Poesia Popular, formas de expressão cultural marcantes na identidade do território de Odemira.

 

 

 


Comentários

pub