Cientistas portugueses criam teste de diagnóstico rápido à Covid-19 a partir da saliva

Um primeiro rastreio-piloto com este teste será feito hoje com voluntários do ITQB, anunciou a instituição numa nota de imprensa

Uma equipa de cientistas portugueses criou um teste de saliva que permite detetar ao fim de meia-hora ou uma hora, através de uma alteração de cor, se uma pessoa está infetada pelo novo coronavírus, foi hoje, 18 de Dezembro, anunciado.

O teste de diagnóstico da covid-19 com base na recolha de saliva foi desenvolvido por uma equipa do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) António Xavier da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com o Laboratório de Bromatologia e Defesa Biológica do Exército e o Hospital das Forças Armadas.

Um primeiro rastreio-piloto com este teste será feito hoje com voluntários do ITQB, anunciou a instituição numa nota de imprensa.

O teste, aplicado diretamente em amostras de saliva, utiliza uma tecnologia que permite, através de uma mudança de cor visível a olho nu, saber em 30 a 60 minutos se uma pessoa está ou não infetada com o SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença covid-19.

«Se a reação tiver resultado rosa, o teste é negativo. Se for amarelo, é positivo», refere a nota do ITQB, assinalando que o teste é «particularmente adequado» ao despiste da covid-19 em aeroportos, lares ou escolas, dada a sua «rapidez, sensibilidade, facilidade de colheita e custo reduzido». A recolha é feita pela pessoa, que cospe a saliva para um recipiente, dispensando o uso de zaragatoas e o recurso a pessoal especializado.

A testagem direta das amostras de saliva possibilita detetar, em cada teste, «menos de 100 cópias do vírus», com «uma sensibilidade de 85%», permitindo «avaliar a infecciosidade da pessoa no momento».

Optando-se por extrair, em complemento, material genético do SARS-CoV-2 da saliva, a sensibilidade do teste aumenta para 100%, assegura o ITQB.

O teste, que assenta numa tecnologia que amplifica o material genético do coronavírus a uma «temperatura constante», pode ser realizado com recursos básicos, como uma placa elétrica ou um banho-maria a 65ºC.

Para que possa ser usado pela população, o teste terá ainda de ser validado e aprovado pelas entidades competentes.

O projeto foi financiado em 35 mil euros pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, ao abrigo do concurso direcionado para a investigação da covid-19 “Research4COVID-19”.

A utilização da saliva como meio de diagnóstico da Covid-19 está também a ser estudada pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em colaboração com os hospitais Dona Estefânia, em Lisboa, e Amadora-Sintra.

O estudo prevê testar 300 pessoas, 33% das quais infetadas, de todas as faixas etárias.

Até ao momento, o procedimento «foi validado em cerca de 80 pessoas hospitalizadas onde, entre outros, se comparou a eficácia da saliva face à amostra nasofaríngea, tendo sido obtidos resultados muito promissores», segundo um comunicado do IGC divulgado na sexta-feira.

 

 



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