O presidente da Câmara de Mora, no distrito de Évora, disse hoje ter «conhecimento» de «investigações em curso pelas autoridades policiais» sobre o surto de Covid-19 na vila, que admitiu poder resultar de «incúria de alguém».
«Neste momento, daquilo que tenho conhecimento, é que há investigações em curso pelas autoridades policiais, acerca do doente zero», porque «desconfia-se que pode ter havido aqui incúria de alguém», disse à agência Lusa o autarca Luís Simão.
O surto da doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 pode dever-se a «alguém que não se terá comportado como devia no sentido de se ter percebido mais cedo a origem do surto», afirmou.
«Espero que não se confirme isso, naturalmente. As autoridades estão a investigar», mas, «se se apurar responsabilidade de alguém, essas pessoas devem ser severamente responsabilizadas», defendeu.
Contactada pela Lusa sobre se o Ministério Público estaria a investigar a origem do surto da doença em Mora, a Procuradoria-Geral da República (PGR) respondeu que não existe qualquer «inquérito relacionado com a matéria».
Já o Comando Territorial de Évora da GNR disse hoje à Lusa que «não existe nenhuma ocorrência registada relacionada com a origem do surto em Mora», não tendo sido «apresentada qualquer denúncia por parte de uma pessoa singular ou de uma entidade».
No entanto, no que respeita a Mora, «a GNR continua a efetuar diligências no sentido de apurar pessoas que eventualmente possam ter desrespeitado ou estejam a desrespeitar as normas em vigor estabelecidas pela Direção-Geral da Saúde», vincou a fonte.
Tal como já havia indicado hoje de manhã, de acordo com os dados de que dispõe da Autoridade de Saúde local, o presidente da câmara municipal reiterou ter conhecimento, até meio da tarde, de 48 pessoas infetadas com Covid-19 em Mora.
Contudo, na conferência de imprensa desta tarde para a atualização da pandemia em Portugal, realizada em Lisboa, a ministra da Saúde, Marta Temido, indicou existirem 49 pessoas com Covid-19 neste concelho alentejano do distrito de Évora.
Nas declarações à agência Lusa, o autarca de Mora alertou, por outro lado, que a corporação dos bombeiros voluntários locais já só tem equipamento «para mais uma semana» para lidar com este surto de Covid-19 e solicitou o apoio de outras entidades, como a Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo ou o Governo.
O município já está a tomar medidas para tentar «reforçar os equipamentos que eles têm disponíveis», mas, «nesta situação, deverá haver aqui entidades, da ARS, do Governo, não sei de onde, que se devem chegar à frente também», defendeu.
O objetivo é que «os bombeiros tenham tudo aquilo de que necessitem para que consigam trabalhar em condições normais dentro desta anormalidade», ou seja, da situação vivida devido ao surto de Covid-19, vincou o autarca.
Luís Simão indicou que é necessário mais Equipamento de Proteção Individual (EPI), nomeadamente «máscaras, batas, luvas, tudo».
Cinco das pessoas de Mora infetadas com a doença, todos homens, estão internadas no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), três deles nos cuidados intensivos.
O surto em Mora surgiu no dia 9 deste mês, quando foram confirmados os primeiros três casos positivos na comunidade.
A câmara ativou o Plano Municipal de Emergência e fechou os serviços de atendimento ao público e outros equipamentos, estando também encerrados cafés, restaurantes e mais estabelecimentos, ao mesmo tempo que a população está confinada em casa.
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