Sentem-se «injustiçados e enganados» pelas entidades de saúde do Algarve, mas nem por isso deixaram de dizer presente e de se dedicar a 100% à luta contra a Covid-19. Agora que o país está «paulatinamente a regressar à normalidade», os enfermeiros algarvios aproveitaram o dia internacional destes profissionais de saúde, que hoje se comemora,para recordar que há compromissos por cumprir por parte das entidades oficiais.
Quem descer a Avenida Gulbenkian, em Faro, em direção à Rotunda do Hospital, poderá ver os rostos de enfermeiros e enfermeiras do Algarve e ficar a conhecer as suas histórias, na exposição de rua “Enfermeiros na Linha da Frente, valorização na linha de trás – Uma Manifestação Virtual”, inaugurada hoje. Pelo meio, há cartazes com chamadas de atenção para os problemas que estes profissionais de saúde enfrentam.
Esta foi a forma encontrada pela delegação do Algarve do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses para celebrar o dia que é dedicado a esta classe profissional, a nível mundial.
«Hoje é o dia ideal para estarmos aqui. É o Dia Internacional do Enfermeiro, bem como o Ano Internacional do Enfermeiro, declarado pela Organização Mundial de Saúde, e decidimos, em primeiro lugar, fazer uma homenagem aos enfermeiros do Algarve, que estão diariamente com os utentes, não só nos hospitais e Centros de Saúde, mas nas suas casas. Por outro lado, queremos deixar bem claro que não estamos cá só no período da Covid-19», enquadrou Nuno Manjua, dirigente do SEP, em declarações ao Sul Informação.
Além de «celebrar esta nossa profissão», os enfermeiros do Algarve aproveitaram a efeméride para exigir às instituições «que honrem os seus compromissos».
«Também estamos aqui para dizer que houve um compromisso, no ano passado, por parte da Administração Regional de Saúde e do centro Hospitalar e Universitário do Algarve, no sentido de contabilizar todo o tempo de serviço em termos de progressão. Esse compromisso era até final do ano e não foi cumprido», ilustrou o sindicalista.
No início do ano, os enfermeiros anunciaram que iriam partir para a luta, «através de greves e manifestações», para pressionar as duas instituições a assumir os seus compromissos. «Obviamente, parámos no período do Estado de Emergência, não apenas porque era proibido, mas porque já tínhamos decidido de antemão que o íamos fazer, tendo em conta que havia outra prioridades. Decidimos colaborar e contribuir no sentido de entregar às instituições contactos de empresas que estavam a fornecer álcool-gel desinfetante e equipamentos de proteção».
«Os enfermeiros são feitos de uma fibra de dedicação e empenho, que não desistem mesmo em situações particularmente difíceis. Acabámos por dar um exemplo e uma chapada de luva branca às administrações, porque enquanto eles riscam a sua palavra, os enfermeiros arriscam as suas vidas», afirmou Nuno Manjua.
Afinal, durante a pandemia de Covid-19, os profissionais de saúde «trabalharam em circunstâncias especiais e muitas vezes sem as condições de segurança, devido à falta, por vezes, da quantidade e qualidade dos equipamentos de proteção individual».
Agora, «neste momento em que estamos paulatinamente a regressar à normalidade, os diferentes setores, decidimos trazer de novo para a opinião pública, de que não estamos esquecidos da promessa que nos foi feita no ano passado, que é importantíssima para a vida dos enfermeiros».
«Os enfermeiros cumprem diariamente, dizem presente quando são chamados e não voltam as costas e sentem-se injustiçados e enganados pelas instituições que lhes pedem tudo quando precisam deles, mas que quando chega a hora de honrar aquilo que prometeram, lhes voltam as costas», acusa o sindicalista algarvio.
Quanto à exposição que pode ser vista a partir de hoje no gradeamento do Hospital de Faro, «podemos ver a particularidade dos que trabalham nos centros de saúde e dos que trabalham nos hospitais. Alguns elaboram um pouco mais sobre aquilo que fazem – há quantos anos trabalham, em que área -, mas são todos unânimes numa única mensagem, a exigência o cumprimento dos compromissos por parte das entidades de saúde algarvias, que não estão esquecidos».
«É muito meritório e valioso todo este trabalho que temos vindo a realizar ao longo dos anos. Não aceitamos de forma alguma esta situação. Penso que é perfeitamente compreensível, por parte da população, que não se deve enganar os profissionais que estão na linha da frente», concluiu Nuno Manjua.
Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação
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