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Os recursos genéticos presentes nos diferentes organismos marinhos «têm um elevado potencial para aplicações biotecnológicas com interesse comercial» que está a colocado em risco devido a diversas ameaças «desde a sobre exploração, à perda e degradação de habitats, poluição e impacto das alterações climáticas», alertou um grupo de especialistas internacionais, entre os quais Adelino Canário, diretor do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) do Algarve.

O investigador e docente da Universidade do Algarve, instituição à qual o CCMAR está associado, é um dos autores que contribuiu para um artigo publicado no dia 17 sobre “O Genoma Oceânico: conservação, uso justo, equitativo e sustentável dos recursos genéticos marinhos”, o qual dará o mote para um webinar na próxima sexta-feira, dia 24 de Abril, no qual os interessados se podem registar seguindo este link.

Adelino Canário  e Narcisa Bandarra, investigadora do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que também assina o artigo, representam Portugal no grupo de especialistas do Painel de Alto Nível para uma Economia Sustentável do Oceano, que integra 14 países e que está a trabalhar ativamente para encontrar soluções para os vários problemas que o Oceano enfrenta.

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«O genoma oceânico é a base na qual assentam todos os ecossistemas marinhos. A vida marinha é incrivelmente diversa, compreendendo um mínimo de 2,2 milhões de espécies, estimando-se que 90% permanecem ainda desconhecidas», ilustrou o CCMAR.

«A par da sua enorme riqueza e biodiversidade, os rápidos avanços nas tecnologias de sequenciação e bioinformática permitiram a exploração do genoma oceânico. Essas novas descobertas trazem abordagens inovadoras à conservação e um número crescente de aplicações comerciais com recurso à biotecnologia, desde tratamentos anticancerígenos, a cosméticos e enzimas industriais», segundo o centro de investigação algarvio.

Apesar deste grande potencial, o  genoma oceânico está «ameaçado pela sobre-exploração dos recursos, pela perda e degradação de habitats, pela poluição, pelos impactos das alterações climáticas, por espécies invasoras e outras pressões, quer pelos efeitos cumulativos e de interação entre vários destes fatores».

O artigo que os dois investigadores portugueses ajudaram a escrever «adota uma abordagem holística da questão, analisando a nossa compreensão da diversidade genética da vida no oceano, as ameaças a essa diversidade, os benefícios que ela oferece no contexto de um mundo em mudança e as ferramentas e abordagens para protegê-la. Estabelece também a necessidade de maior equidade através de aumento de capacidades e da promoção de inovação inclusiva e tecnologias acessíveis».

Os autores «propõem uma série de diretrizes para garantir a conservação inteligente e defendem que só desse modo se conseguirá implementar uma economia sustentável dos oceanos, assente fundamentalmente na conservação e realçam a importância da disponibilização dos resultados dessa investigação, com a produção de ferramentas e abordagens que garantam justiça na partilha desses benefícios».

Para o CCMAR, o facto das Nações Unidas estarem atualmente a discutir «ao mais alto nível» a biodiversidade em áreas fora da jurisdição nacional esta será uma oportunidade de colocar na agenda de políticos e decisores a necessidade urgente de garantir que o genoma oceânico é protegido e pôr em marcha as recomendações dos especialistas, para que os benefícios que dele advêm para a humanidade sejam distribuídos por todos.

«As propostas deixadas pelos peritos vão no sentido de criar áreas marinhas protegidas, que abranjam 30% dos oceanos; apoiar uma maior equidade na investigação e transferência de conhecimento de genómica; garantir que as normas de propriedade intelectual sustentam este propósito de equilíbrio e partilha de conhecimento; avaliar riscos e benefícios de novas tecnologias e práticas de biologia molecular aplicadas ao ambiente marinho; e, por último, reivindicar um maior apoio financeiro e político a fim de melhorar o conhecimento do genoma oceânico e respetiva partilha», concluiu o centro de investigação algarvio.

O artigo na  faz parte de uma série de 16 Blue Papers, que serão publicados até Junho de 2020 e que resumem as mais recentes inovações científicas sobre soluções oceânicas inovadoras nas áreas de tecnologia, política, governança e finanças.

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