Há mais um casal de linces no Vale do Guadiana

O espaço envolvente convida à contemplação da paisagem onde foi libertado o primeiro casal de linces – Katmandu e Jacarandá – em 2014

Chamam-se Quinde e Quisquilla e são os novos habitantes da área de reintrodução do lince-ibérico, do Vale do Guadiana, na freguesia de Corte Gafo (Mértola). Este macho e fêmea foram libertados, esta sexta-feira, 6 de Março, o mesmo dia em que foi inaugurado o Centro de Interpretação e Observação do Lince-ibérico, em São João dos Caldeireiros. 

Os dois animais libertados são provenientes do Centro de Reprodução em Cativeiro de El Acebuche, em Doñana (Andaluzia, Espanha).

Os linces foram previamente submetidos a controlo sanitário no Centro de Reprodução onde nasceram, foram-lhes colocadas coleiras emissoras e serão  monitorizados pela equipa sediada em Mértola, constituída por técnicos e Vigilantes da Natureza do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Esta sexta-feira, foi mesmo um dia em grande para o lince-ibérico. É que, depois desta libertação, às 10h30, houve a inauguração do Centro de Interpretação e Observação, às 12h00, em São João dos Caldeireiros.

 

Foto: Ana Seixas Palma | Sul Informação

 

Como explicou Carla Janeiro, coordenadora do projeto “Por Terras do Lince-Ibérico”, ao Sul Informação, o Centro, cujo projeto é da autoria de Nuno Lecoq, antigo diretor do Parque Natural da Ria Formosa,  é «uma estrutura aberta, que pode ser visitada a qualquer hora e em qualquer dia» e que tem uma «localização privilegiada».

O propósito é acolher visitantes num espaço sombreado, facultando informações sobre o felino e o seu habitat, através de conteúdos expostos em painéis informativos. O espaço envolvente convida à contemplação da paisagem onde foi libertado o primeiro casal de linces – Katmandu e Jacarandá – em 2014, «num cercado de aclimatação que ainda é possível observar».

Além disto, o Centro tem uma vertente educativa. «Há informação sobre a espécie e os trabalhos de conservação a serem feitos pelo ICNF», explica. Os painéis são da autoria da Eco Sapiens.

«As pessoas têm muita curiosidade sobre o lince-ibérico, mas é preciso mais: é preciso também contribuir ativamente para a sua conservação. Por exemplo, quem visita a região, deve estar consciente de que pode ver um lince na estrada e deve ter cuidado com as velocidades», diz Carla Janeiro ao Sul Informação. 

«O convite é para que as pessoas venham, conheçam o território, sem certezas de verem um lince-ibérico porque, de facto, não é fácil, mas o projeto criou esta estrutura de apoio para que as pessoas possam ver o que está a ser feito em termos de ação de conservação», acrescenta.

Este Centro, de resto, insere-se num projeto mais amplo, financiado pelo Turismo de Portugal.

 

 

O projeto “Por Terras de Lince-ibérico”, promovido pela Associação de Defesa do Património de Mértola, é cofinanciado pelo Turismo de Portugal, no âmbito do Programa Valorizar – Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior – e conta com o apoio do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, do Município de Serpa e com a parceria das Juntas de Freguesia de Alcaria Ruiva e São João dos Caldeireiros.

A espécie que, no final do século XX se aproximava da extinção em território nacional, está a ser alvo do Plano de Reintrodução Ibérico – promovido pelo ICNF em articulação com as autoridades espanholas – que inclui, entre muitas outras ações, a reintrodução na espécie no Vale do Guadiana.

De resto, o próprio Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, situado na freguesia de São Bartolomeu de Messines (Silves), está a comemorar 10 anos de existência, tal como o Sul Informação já contou em reportagem.

 

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