Assembleia Municipal de Odemira quer melhorias no setor da saúde

Houve votos favoráveis de PS, CDU, BE e PSD

A Assembleia Municipal de Odemira aprovou, esta sexta-feira, 29 de Fevereiro, por unanimidade, uma moção apresentada pela PS sobre o estado crítico do acesso à saúde neste concelho alentejano. 

Além dos socialistas, votaram favoravelmente CDU, Bloco de Esquerda e PSD.

Nesta moção, os eleitos pedem mesmo ao Ministério de Saúde que faça saber quais são os planos de melhoria para este setor.

«O concelho de Odemira está a ser descurado em matéria de saúde, sendo que as melhorias aclamadas pelo Governo no SNS (Serviço Nacional de Saúde) não são de todo sentidas neste território», lê-se na moção que, curiosamente, foi levada à Assembleia Municipal pelo PS – o partido de Governo.

«Odemira vive um fenómeno migratório sem igual, estimando-se um acréscimo da população residente (26.066 habitantes nos CENSOS 2011) em mais de 10 mil habitantes de nacionalidade estrangeira. Esta questão tem vindo a agravar a situação de carência no setor da saúde já há muito sentida, sobretudo no período do Verão, altura em que a população na zona do litoral mais que duplica», acrescenta.

De resto, a carência de médicos é «uma realidade».

«É notório o desequilíbrio entre o aumento de utentes dos cuidados de saúde em Odemira e a diminuição de profissionais de saúde, evidenciando, cada vez mais, a dificuldade de acesso à saúde, seja em situação aguda, seja em situação crónica ou de prevenção de saúde primária».

O documento vai mais longe e faz previsões de que, a curto prazo, todo o concelho (que tem 13 freguesias) «fique apenas com um médico especialista em medicina geral e familiar no quadro efetivo de pessoal, sendo todos os outros serviços dependentes de profissionais em regime de prestação de serviços muitas vezes indisponíveis ou incertos em termos de horas semanais e horário de consulta».

«O caso da carência de médicos na Extensão de Saúde de São Teotónio levou recentemente ao fecho desta extensão pela população. Nas Extensões de São Luís, Luzíanes e Vale de Santiago, por exemplo, não existe médico que preste cuidados àquela população, maioritariamente idosa, estando em causa o direito ao acesso à saúde, principalmente a doentes crónicos. Na Extensão de Saúde de Vila Nova de Milfontes, existem transtornos diários nas consultas e tratamentos por falta de profissionais».

Na vila de Odemira, a «carência de médicos no Serviço de Urgência Básico (SUB) faz com que sejam retirados médicos da Unidade de Saúde Personalizados (UCSP) de Odemira com alguma frequência, por vezes no próprio dia, o que consequentemente obriga a que sejam desmarcadas todas as consultas na véspera ou mesmo no próprio dia, sabendo da dificuldade que será serem remarcadas a curto prazo».

«Verifica-se que vários técnicos da Unidade de Saúde Personalizados (UCSP) de Odemira se veem obrigados a partilhar os mesmos gabinetes, o que dificulta diariamente o cumprimento do sigilo profissional. A sala disponibilizada para algumas atividades (como é o caso do curso de preparação para o nascimento e parentalidade e massagem ao bebé) apresenta dimensões muito reduzidas para o número de grávidas e bebés existentes neste concelho».

Quanto à frota automóvel, «é muito antiga, existindo três carrinhas, duas delas com avarias frequentes, o que muitas das vezes obriga a recorrer ao táxi».

«Os equipamentos disponíveis no Serviço Urgência Básica (SUB) de Odemira estão muito aquém daqueles disponíveis em outras unidades idênticas no resto do país, como por exemplo o défice de capacidade analítica de amostras de sangue (avaliação de hemograma, leucograma e bioquímica) e a não existência de máquina de avaliação de gasometria», diz a moção.

Também «continua a não existir ventilador na sala de emergência, nem gerador de energia para caso de falha de energia elétrica».

O Serviço de Fisioterapia da UCSP de Odemira «encontra-se sem funcionar há cerca de um ano, fazendo com que os utentes deste concelho com necessidade de tratamento necessitem de se deslocar para o Hospital do Litoral Alentejano, a cerca de 75 quilómetros de Odemira».

Quanto à «Unidade Móvel de Saúde não se encontra a funcionar em pleno».

A «situação resulta da falta de enfermeiros para afetar a tempo inteiro ao serviço, sendo a atual resposta assegurada por outros profissionais através de uma modalidade de gestão interna».

Também há variadas «desmarcações de consultas médicas nas várias extensões de saúde por falta de apoio de enfermagem e consultas de especialidades, como é o caso da saúde materno-infantil e vigilância de diabetes».

Segundo o documento, «o défice de material no Centro de Saúde de Odemira e nas várias Extensões de Saúde são uma realidade. Os cardiotocógrafos no Centro de Saúde de Odemira e na Extensão de Saúde de Vila Nova de Milfontes são obsoletos e necessitam de substituição, avariando-se persistentemente, o que deixa as grávidas sem resposta no âmbito do bem-estar materno-fetal».

Na Extensão de Saúde do Almograve e de São Luís, «não existe maca pediátrica para a observação das crianças em contexto de consulta de saúde infantil, o que faz com que estas crianças sejam despidas e observadas em marquesas onde são realizados todo o tipo de tratamentos, inclusivamente a ferimentos».

Por fim, o «mau estado dos edifícios onde funcionam as Extensões de Sabóia e São Luís é gritante, com constrangimentos diários e falta de condições para prestar serviço aos utentes. A Extensão de Vila Nova de Milfontes aguarda há vários anos umas novas instalações garantidas pela tutela, mas que teima em não sair do papel, mesmo após a Câmara Municipal ter adquirido um terreno e disponibilizado uma equipa técnica para o projeto».

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