Bolsas de criação querem pôr artistas a pensar a sustentabilidade no Alentejo

Dos seis projetos selecionados, três são no Alentejo

Chama-se “Sustentar” e é um programa de bolsas de criação artística, que vai apoiar trabalhos fotográficos ou de vídeo sobre projetos que estão a ser desenvolvidos em Mértola, no Alqueva ou em Évora. O resultado será exposto na Bienal de Fotografia do Porto. As candidaturas estão abertas até 23 de Fevereiro. 

Este programa de criação artística tem como objetivo produzir uma série de projetos sobre iniciativas experimentais que estão a ser implementadas em território nacional, como resposta aos desafios ecológicos e sociais que enfrentamos.

As bolsas pretendem fomentar e destacar as boas práticas e tendências positivas relevantes no âmbito da sustentabilidade ecológica, social e económica, que estimulem uma cidadania mais ativa.

«O “Sustentar” pretende valorizar, com o contributo das artes visuais, iniciativas experimentais relacionadas com práticas de sustentabilidade que estão a ser implementadas em território nacional», explica Virgílio Ferreira, diretor artístico da Ci.CLO (o nome da Bolsa Artística), da Bienal Fotografia do Porto e coordenador do programa “Sustentar”.

Dos seis projetos selecionados, três são no Alentejo.

Começando por Mértola, a premissa passa pelo combate à seca. Há três anos que o concelho se debate com o fenómeno de seca extrema. A adaptação a este cenário de grave escassez hídrica assenta em ensaios para uma transição agroecológica, através do planeamento e implementação de um Parque Demonstrativo e Experimental no Perímetro Florestal de Mértola.

Em simultâneo, está ainda em curso a implementação de uma Rede Alimentar Local, que ambiciona um futuro alimentar mais sustentável assente no consumo de produtos locais.

Portanto, o desafio aqui é mostrar, em vídeo ou fotografia, o trabalho que pode – ou já está – a ser feito.

No Alqueva, o tema é parecido. «O Alqueva pode contribuir para fomentar a resiliência deste território e é nesse contexto que a EDIA (Empresa De Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva) participa no LIFE Montado-Adapt», começa por enquadrar a organização.

«Trata-se de um projeto que surge para atenuar as consequências das alterações climáticas nos Montados em Portugal e Espanha. A Herdade da Coitadinha, em Barrancos, é a primeira área-demonstrativa deste projeto, na qual está a ser implementado o primeiro Sistema Integrado de Gestão do Montado. É nesta paisagem cultural e de grande biodiversidade que será desenvolvido um dos seis trabalhos artísticos no âmbito do “Sustentar”».

Por fim, o desafio em Évora passa por retratar a cidade autossustentável, e amiga do ambiente, em que esta capital de distrito se quer tornar.

«O Município de Évora é a cidade-piloto portuguesa do POCITYF – um projeto de cidades inteligentes, em versão experimental, com potencial de replicação em território nacional e internacional», explica a organização da Bienal de Fotografia do Porto.

«Com a implementação dos Positive Energy Blocks, pretende-se transformar o tecido urbano da cidade, com enfoque nas zonas historicamente protegidas, em locais mais sustentáveis, saudáveis e acessíveis. O objetivo principal é criar um conjunto de Positive Energy Blocks — áreas geograficamente delimitadas com uma média anual de produção local de energia renovável superior ao consumo», conclui.

Este programa Sustentar é produzido pela Ci.CLO em parceria com as Câmaras Municipais de Évora, da Figueira da Foz, de Loulé, de Mértola, de Setúbal e a EDIA.

O programa de criação artística culminará numa exposição itinerante, que será integrada na programação da Bienal’21 Fotografia do Porto e nos vários espaços expositivos dos parceiros envolvidos.

Os seis artistas selecionados irão desenvolver os seus projetos com acompanhamento curatorial de Virgílio Ferreira, Pablo Berástegui, curador e diretor da Galeria de Fotografia Salut au Monde e Krzysztof Candrowicz, curador, diretor de arte, investigador e educador, ex-diretor artístico da Triennale der Photographie Hamburg.

O programa incluirá ainda dois workshops orientados por Jayne Dyer, Gil Penha-Lopes e Álvaro Domingues.

Quem ganhar uma destas bolsas, dirigidas a artistas nacionais ou estrangeiros, recebe 800 euros. Quem quiser consultar o regulamento, clique aqui.

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