Universidade de Évora e GEOTA juntam-se e os habitats da serra de Monchique ficam a ganhar

As duas entidades assinaram protocolo para criar sinergias entre os projetos que cada uma gere na serra de Monchique

A Universidade de Évora e o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente vão trabalhar em conjunto para restaurar os habitats naturais na serra de Monchique, ao abrigo de um protocolo cujo objetivo é criar sinergias entre os projetos de conservação que cada entidade coordena neste território.

A Universidade de Évora é a coordenadora do “Life-Relict“, um projeto que visa «conservar um dos habitats naturais mais raros da Europa e um dos mais singulares da serra de Monchique», nomeadamente as adelfeiras (rododendros), segundo esta Instituição de Ensino Superior.

Já o GEOTA coordena o projeto Renature Monchique, que visa «restaurar os principais habitats da Rede Natura 2000 afetados pelo incêndio de 2018» e surge na sequência do projeto TerraSeixe – Gestão Ambiental Partilhada no Sudoeste de Portugal.

O “Life-Relict” «tem como principal objetivo a conservação das comunidades arborescentes de espécies lauróides», um habitat prioritário para a conservação listado na Diretiva Habitats.

«É aqui que vivem as plantas testemunhas das florestas de Laurissilva que ocuparam a Península Ibérica em épocas geológicas passadas, quando o clima dominante era do tipo subtropical. Nesta situação estão os raros Adelfeirais, dominados pelos imponentes arbustos de Rhododendron ponticum subsp. baeticum, espécie florística escassa e fragmentada nas áreas do oeste da Península Ibérica», enquadrou a universidade alentejana.

 

 

Entre as ações concretas de conservação levadas a cabo pelo “Life-Relict”, a universidade destaca «as que pretendem beneficiar as etapas maduras da sucessão ecológica, incluindo os bosques potenciais da serra de Monchique».

Isto porque se pretende «incrementar a área de floresta autóctone e, por conseguinte, aumentar a resiliência e a robustez deste habitat prioritário, face à exposição das ameaças mais significativas, como é o caso dos fogos, das intervenções silvícolas inadequadas, propagação de espécies exóticas invasoras, alterações climáticas, entre outras».

Simultaneamente, o GEOTA tem vindo a coordenar o projeto Renature Monchique, no âmbito do qual se prevê «renaturalizar a paisagem da serra de Monchique com mais de 75 mil árvores de espécies autóctones. Prevê-se ainda conseguir contribuir para o bem estar da comunidade local e mitigar os futuros impactes das alterações climáticas no território».

 

 

«Desta forma, como os objetivos específicos do projeto Life-Relict (UÉ) e do projeto Renature Monchique (GEOTA) complementam-se, tornou-se evidente a necessidade de uma cooperação entre as entidades coordenadoras, potenciando o melhor sucesso na salvaguarda do património natural deste Sítio de Importância Comunitária através da replicação e transferência de conhecimentos adquiridos por ambas as partes», resumiu a Universidade de Évora.

A serra de Monchique tem cerca de 78 mil hectares e «alberga mais de duas dezenas de habitats naturais e seminaturais, sendo cinco deles considerados prioritários para a conservação pela Diretiva Habitats».

«É por isso, designado Sítio de Importância Comunitária (SIC), estando num contexto biogeográfico muito particular e onde existem espécies florísticas raras, algumas endémicas e outras ameaçadas de extinção, como é o caso do carvalho de Monchique (Quercus canariensis). Esta planta, em conjunto com outras espécies florísticas da região, confere particular valor à floresta autóctone da serra de Monchique», enquadra a Universidade de Évora.

Contudo, «a atividade económica com ocupação de solo mais expressiva é a florestal, onde algumas dezenas de milhares de hectares estão ocupados com povoamentos de eucaliptos e pinheiros bravos. Adicionalmente, a maioria da área deste SIC tem uma dinâmica socioeconómica frágil e a propensão para o abandono é bastante elevada, uma vez que o rendimento do trabalho está a menos de 60% da média da região (Algarve)».

«Talvez por isso, os fatores de ameaça mais significativos sejam a florestação intensiva com espécies exóticas, os incêndios florestais, a destruição da vegetação autóctone, a expansão de espécies exóticas invasoras bem como as alterações climáticas, entre outras ameaças que, comutativamente, estão a contribuir para uma franca degradação da floresta autóctone da Serra de Monchique», concluiu a instituição.

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