EMAS de Beja reduz perdas de água para 20%

Beja diz-se tranquila quanto ao abastecimento público de água, apesar da seca que se mantém

Rui Marreiros, administrador executivo da EMAS Beja – Foto: Nuno Costa | Sul Informação

A Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja terminou o ano de 2019 com «apenas 20% de perdas», o que «ao nível nacional» a coloca «num posicionamento importante», revelou Rui Marreiros, administrador executivo da EMAS em entrevista ao alentejo.sulinformacao.pt.

«Na empresa municipal, acompanhamos muito de perto essa questão. Por um lado, temos tido uma redução muito grande ao nível das perdas aparentes, mas também ao nível das perdas físicas. Esse ganho de eficiência tem-nos permitido poupar a água que compramos [às Águas Públicas do Alentejo] e inserimos no sistema».

Para diminuir as suas perdas de água na rede, a EMAS de Beja conseguiu, em Outubro passado, apoio da União Europeia para melhorar o seu sistema, com a aprovação de uma candidatura, no valor global de 400 mil euros, que será apoiada em 40%.

Tratou-se da candidatura “Controlo e Redução de Perdas nos Sistemas de Distribuição de Água de Beja – Contributos para a sua melhoria”, apresentada ao POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos 2014/2020, cujas intervenções deverão terminar «no final de 2020».

O projeto «permitirá tornar o serviço de abastecimento de água de Beja ainda mais eficiente e aumentar o seu grau de sustentabilidade. Contará com a criação de novas zonas de medição e controlo, bem como com a instalação de equipamentos imprescindíveis para o controlo e gestão da rede, com a monitorização de diferentes variáveis».

«Conseguimos fazer a poupança que é possível na nossa infraestrutura. Mas depois também temos toda a grande rede, quer da cidade, quer de um conjunto de freguesias rurais que estão ligadas ao sistema de Alqueva via Águas Públicas do Alentejo, que é quem faz a gestão em alta do sistema», acrescentou Rui Marreiros.

Quanto à seca, que, apesar das chuvas do final de Dezembro, continua a ser uma realidade, o administrador executivo da EMAS recordou que, «em Beja e na maior parte das freguesias, temos três alternativas de abastecimento, o que nos dá algum conforto relativamente ao prolongamento da situação».

«Conseguimos, através da nova ETA da Magra, receber água a partir da albufeira do Alqueva, continuamos ligados ao sistema da ETA do Roxo, que era o sistema tradicional, e ao mesmo tempo, embora seja uma reserva, temos um conjunto de captações subterrâneas, vulgarmente designadas como furos, que também podem, sempre que necessário, ser acionadas para abastecer», explicou aquele responsável.

É, portanto, «uma situação que está a ser controlada, a ser vista com alguma preocupação, que aconselha a continuar a fazer o seu acompanhamento, mas que nos mantem ainda numa situação de observadores sem demasiada preocupação com o abastecimento público». Neste momento, qualquer rotura no abastecimento público em Beja e nas suas freguesias, «está fora de causa, principalmente por causa destas três origens que nós podemos utilizar».

 

Quanto às águas subterrâneas, que são hoje uma verdadeira reserva estratégica, Rui Marreiros explica que elas estão apenas a ser utilizadas «pontualmente», até para «verificar do funcionamento dos sistemas».

«Há um rácio que as Águas Públicas fazem, entre água superficial e água subterrânea, para ir pondo os sistemas em funcionamento. Mas é uma origem que vai estar disponível sempre que necessário».

Além do investimento avultado no controlo das perdas de água do sistema, a EMAS Beja tem feito também um grande trabalho de educação e sensibilização da população, para o uso eficiente e a poupança da água.

«Temos um trabalho em permanência junto da comunidade, principalmente junto da comunidade educativa», revelou o administrador executivo da empresa municipal bejense.

«Trabalhamos sempre a questão das alterações climáticas e da economia circular, mas também e sobretudo a utilização eficiente do recurso água. Temos o projeto Heróis da Água e o projeto de participação pública. Há sempre áreas que trabalhamos em permanência com as escolas e com a comunidade em geral», acrescentou.

Segundo Rui Marreiros, trata-se de «projeto que tem dado muitos frutos, vamos até apercebendo-nos disso nos miúdos, nas suas atitudes. Temos projetos há vários anos e, portanto, conseguimos acompanhar a evolução deles ao longo dos anos e perceber que um trabalho de continuidade dá resultado a esse nível».

Quanto aos resultados dececionantes da recente COP 25, em Madrid, o administrador da EMAS Beja lamentou o «movimento de alguma resistência dos países industrializados», como a Índia, a China e os Estados Unidos, apesar de serem estes que têm de dar um «grande contributo» nas matérias das alterações climáticas.

«Mas todos os outros países têm a responsabilidade de manter este tema na agenda e continuar a forçar, para que estas questões sejam assumidas de forma definitiva. Eu acho que, mais cedo ou mais tarde, vai ter que se assumir esta responsabilidade global. Todos nós temos que fazer a nossa parte, todos temos que fazer alguma coisa. Não faz sentido alguns de nós, dos países que têm essa preocupação, levarem ao extremo estas políticas, e depois haver outros que não fazem nada. Mais cedo ou mais tarde, alguma coisa vai ter que acontecer a nível global», insistiu.

No que diz respeito ao caso de Beja, Rui Marreiros concluiu que, «dentro daquilo que conseguimos fazer, estamos tranquilos, temos uma política de responsabilidade empresarial e ambiental, e, portanto, temos obrigação de, no fundo, traduzir estas questões, que podem ser complexas, para uma linguagem mais corrente e assim também ajudar a que as pessoas percebam a importância destes problemas».

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