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Para já, são sete, mas deverão ser oito num futuro próximo. (Quase) todas as cidades portuguesas que pensam candidatar-se a Capital Europeia da Cultura em 2027 reuniram-se ontem em Portimão e querem que o Governo assuma desde já compromissos ao nível do financiamento da proposta vencedora e, eventualmente, das que não ganharem, para que estes projetos não se percam.

A reunião de ontem, em Portimão, contou com a presença de presidentes de Câmara ou vereadores de Faro, Évora, Braga, Coimbra, Guarda, Leiria e Oeiras, municípios que assinaram uma declaração conjunta. No final, também Graça Fonseca, a ministra da Cultura, marcou presença.

A Câmara de Faro, que lançou o desafio às demais, também convidou outros municípios que eram apontados como potenciais candidatos. Cascais e Viseu negaram ter a intenção de se candidatar. Viana do Castelo disse não poder estar presente na reunião desta sexta-feira, mas mostrou interesse em juntar-se. Aveiro declinou o convite. Ponta Delgada, por outro lado, não respondeu.

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Ou seja, tudo indica que sejam nove as candidaturas portuguesas a Capital Europeia da Cultura em 2027, oito das quais já estão ou vão estar nesta parceria.

«Esta foi uma reunião entre concorrentes, mas que estão aqui para colaborar naquilo que é possível, no sentido de que há coisas em comum para o desenvolvimento desta candidatura a Capital Europeia da Cultura», resumiu Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, que foi o porta-voz dos sete municípios, cujos representantes passaram a tarde de ontem reunidos e jantaram com a ministra da Cultura.

«Esta é uma reunião talvez inédita, pois, geralmente, os concorrentes não se juntam. Mas o que nos move a todos é a preocupação com o território e o facto de assumirmos que a cultura é um eixo estratégico para o desenvolvimento desse território», acrescentou.

Até porque a ideia de todos os envolvidos é fazer com que o processo de candidatura conte. «Todos nós estamos a trabalhar para sermos Capital Europeia da Cultura, independentemente de virmos a ganhar essa designação ou não. Estamos a desenvolver projetos estratégicos para os nossos municípios ou regiões».

«As pessoas têm a ideia que a Capital Europeia da Cultura é uma festa. Não é esse o nosso entendimento. Todos nós estamos a preparar planos estratégicos de desenvolvimento cultural e das nossas comunidades. Ao fim e ao cabo, o que nós queremos é transformar as nossas comunidades através da cultura. Por isso é que eu digo que, mesmo que não ganhemos a designação de Capital Europeia da Cultura, certamente as comunidades vão ganhar muito, porque vão aparecer novos agentes, novos equipamentos e novas formas de trabalhar. Estes municípios que estão a pensar candidatar-se estão a pensar a longo prazo», acredita Rogério Bacalhau.

Para o presidente da Câmara de Faro, «este é trabalho que deve ficar feito para além de 2027. Deve deixar essa marca para o futuro e não extinguir-se no dia 31 de Dezembro de 2027. Se isso acontecer, certamente saber-nos-á a pouco».

«O objetivo de qualquer uma destas cidades não é preparar, para 2027, um evento festivo e vistoso. É consolidar as condições necessárias para a existência de cidades culturais e criativas habitadas por cidadãos conscientemente ligados às possibilidades de futuro prometidas no melhor da herança europeia. Esse trabalho já começou e não termina em 2027: a sustentabilidade do legado criativo que envolva cidadãos, artistas e operadores culturais será a maior prova do êxito de todo este processo, que vai transformar o território nacional», lê-se, por outro lado, na declaração conjunta que foi assinada e pode ser lida na íntegra abaixo.

 

Sul Informação

 

E onde é que entra o Governo, nisto tudo?

«O que nós precisamos é que o Governo esteja connosco neste processo, que participe na sua construção e que, no final, – e é isso que o Governo tem de assumir – apoie financeiramente a cidade que ganhar. Se puder ajudar também as outras, ainda melhor», disse o edil farense.

«Não podemos ser nós a trabalhar sozinhos. Para além de sermos todos parceiros nesta candidatura, temos de incluir, também, o Governo», adiantou.

Ou seja, os diferentes candidatos não precisam de «dinheiro para o Orçamento de 2020 ou de 2021. Apenas desejamos que o Governo esteja connosco, que se sente à mesa, discuta os problemas e ajude a construir soluções».

Os mencionados problemas passam por questões «de financiamento, de concurso e também de calendário. As candidaturas têm de ser entregues em 2021, ano em que haverá eleições Autárquicas. Queremos discutir com o Governo esse calendário, de modo a que não estejamos preocupados em fazer a candidatura ao mesmo tempo que fazemos uma campanha eleitoral».

 

Declaração Conjunta:

«A designação de uma cidade portuguesa como Capital Europeia da Cultura em 2027 será o resultado de um processo inédito, exigente e desafiante.

A existência de um concurso nacional prévio à designação é o elemento que distingue mais nitidamente o atual procedimento das três situações anteriores (Lisboa, 1994; Porto, 2001; Guimarães, 2012).

Conhecedoras desta novidade e das suas implicações, várias cidades portuguesas começaram já, algumas há vários anos, a trabalhar ativamente na preparação dos respetivos dossiês de candidatura. As cidades mostraram, assim, compreender bem a exigência e as virtudes do processo atual.

Em Portugal, pela primeira vez ao nível das cidades médias, um trabalho sistemático de pensamento do território a partir da cultura está a desenvolver-se para o horizonte de uma década. As cidades souberam interpretar a importância de intervir na cultura numa dinâmica de longa duração. Assumiram-se protagonistas desta reflexão: repensam o território como relação complexa do património, das artes e das redes de cooperação cultural necessariamente inscrita numa escala europeia, provocam sinergias regionais e preparam-se para gerar uma inevitável transformação das condições de cidadania, horizonte último das políticas da cultura.

O objetivo de qualquer uma destas cidades não é preparar, para 2027, um evento festivo e vistoso. É consolidar as condições necessárias para a existência de cidades culturais e criativas habitadas por cidadãos conscientemente ligados às possibilidades de futuro prometidas no melhor da herança europeia. Esse trabalho já começou e não termina em 2027: a sustentabilidade do legado criativo que envolva cidadãos, artistas e operadores culturais será a maior prova do êxito de todo este processo, que vai transformar o território nacional.

Concorrentes porque participam num processo em que só uma será escolhida, as cidades reconhecem-se também como cooperantes: porque estão conscientes da importância nacional do seu trabalho.

Por isso, as cidades signatárias da presente Declaração incitam o tecido cultural e criativo e todos os cidadãos a envolverem-se neste movimento de dinamização cultural que está a ser desenvolvido de norte a sul e a colaborar na concretização de novos roteiros culturais assentes nas especificidades de cada território.

As cidades exortam também e muito especialmente o Governo Português, através do seu Ministério da Cultura, a associar-se a este movimento, criando as sinergias necessárias para que, independentemente da cidade escolhida, o País saia reforçado deste processo.

O acolhimento do título de Capital Europeia da Cultura em 2027 constitui um desígnio nacional e as cidades que percorrerem o caminho de uma candidatura entendem que o Governo é um parceiro fundamental no planeamento e implementação oportuna de condições de apoio estrutural ao êxito da candidatura.

Neste contexto, entendemos importante abrir-se um espaço de diálogo e colaboração entre as cidades candidatas e o Ministério da Cultura, assente numa plataforma permanente de trabalho, visando delinear resposta às questões ligadas ao processo de candidatura, aos compromissos do governo no financiamento do projeto e a articulação das políticas culturais nacionais com as estratégias locais e regionais em curso».

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