Please ensure Javascript is enabled for purposes of website accessibility
joana espadinha ao vivo no tempo

AS FAVAS, JANEIRO MEADO,
vão crescendo entre as linhas das figueiras para que possam colher-se em Abril, princípios de Maio. Será então o tempo de as trazer às mesas e de, conforme os gostos, no azeite ou na banha se lhes juntarem rodelas de chouriço vermelho ou de sangue, entrecosto ou entremeada, entremeada ou toucinho. Os gostos vareiam. Por mim, confesso, o que antecipo é já o tempo em que, a época quase no fim, quase no Verão, mais feitas, rijas, se comerão sapatadas: as favas, íntegras, apenas a cozerem na água com uma pitada de sal, hortelã e poejos.

SÃO JOVENS
estas figueiras onde, entre linhas, se semearam favas e griséus. Quatro anos depois de propagadas por estacas de caule, começam agora a ganhar porte, a erguer-se ao céu nessa filigrana de ramos cinzentos. O plantio fez-se com recurso a ramos retirados das figueiras adultas, assegurando a conservação do recurso genético, mantendo a variedade. Nestas pequenas árvores não tardarão, pois, a amadurecer os mesmos figos lampos pretos do figueiral antigo: é vir a última semana de Maio para se comerem os primeiros frutos, é chegarem as branduras de Junho para arregoarem e quase explodirem na luz que trazem lá dentro.

O FRUTO
que matava a fome e engordava os porcos é também a guloseima torrada com amêndoas em estrela, o figo seco em almanxar nas açoteias com o perfume do funcho, o figo cheio com amêndoa, chocolate, erva-doce e canela. Alimento e guloseima – mas também milagre (juro pelos Frutos Vermelhos e pelos Fundos Comunitários!): em silêncio, em sendo o tempo de S. João, apanha um figo da sua árvore, abre-o com os dedos em duas metades e leva-o à boca até a seiva escorrer pelos lábios – e verás.

municipio de sao bras de alportel

A PAISAGEM
é o resultado de uma relação profunda entre Território e Cultura — não havendo, portanto, grande distinção entre aquilo que somos e o território que temos. As práticas extensivas do sequeiro algarvio — essa mistura de mata e jardim, com árvores de fruto crescendo em linhas a direito, muitas vezes em mosaicos densos, por vezes com leguminosas entre as linhas a fixar o azoto e a complementar os rendimentos — foram, no passado, uma adequação sábia, decidida por mulheres e homens cultos, às condicionantes de um clima caracterizado por escassez de água e Estios longos e secos.

AGORA
é mais o Abacate.

 

Sul Informação

 

 

 

Autor: José Carlos Barros é Arquitecto Paisagista

Nota: As ilustrações são desenhos exclusivos do autor

infraquinta rumo à sustentabilidade
banner desporto portimao

Também poderá gostar

Sul Informação - Câmara de Alcoutim cede duas funcionárias aos Bombeiros

Câmara de Alcoutim cede duas funcionárias aos Bombeiros

Sul Informação - Projeto Plantar Água recupera mais 80 hectares na Serra do Caldeirão

Projeto Plantar Água recupera mais 80 hectares na Serra do Caldeirão

Sul Informação - Carvalho-de-Monchique é o foco da nova fase do programa Renature na serra

O Tempo dos Fogos