Está em avaliação o impacte ambiental de uma mega central solar em Mértola

Consulta Pública da fase de AIA prolonga-se até 7 de Fevereiro

Mértola prepara-se para receber o maior projeto solar fotovoltaico do país, noticiou o Expresso. Trata-se de uma central de 480 megawatts (MW) de potência, que envolve um investimento de quase 400 milhões de euros, segundo apurou aquele jornal.

O projeto, que está em processo de Avaliação de Impacte Ambiental desde sexta-feira, 27 de Dezembro, e até ao dia 7 de Fevereiro do próximo ano, abrange uma área de implantação aproximada de 703 hectares, ocupados pelas várias infraestruturas que compõem a Central Solar.

A área do projeto localiza-se no concelho de Mértola, mais propriamente em São Miguel do Pinheiro. No entanto, o corredor da Linha Elétrica, com cerca de 18,6 quilómetros, desenvolve-se ao longo do território dos concelhos de Mértola, Alcoutim (freguesia de Martim Longo) e Tavira (freguesia de Cachopo).

É que, como de pode ler no Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental, «toda a energia elétrica gerada será entregue à Rede Nacional de Transporte, através da construção de uma linha de Muito Alta Tensão, a 400 kV, entre a subestação prevista no Projeto e a subestação de Tavira, concessionada pela REN – Redes Energéticas Nacionais».

O projeto é promovido pela empresa Fermesolar. Como sócio maioritário surge Rui Dias Moreira, que, de acordo com o jornal Expresso, «já tinha estado à frente da empresa Solara4, responsável por um outro empreendimento fotovoltaico de grande escala, uma central solar em Alcoutim com 220 MW, cuja construção está em curso».

O projeto Fermesolar marca um novo recorde em Portugal: terá mais do dobro da potência da maior central do país e equivale a 10 vezes a histórica central da Amareleja. A central solar fotovoltaica será constituída por 1.267.200 painéis de filmes finos da última geração, que correspondem a uma potência total instalada de 557.568.000 Wp.

O projeto inclui ainda uma outra inovação: um parque de baterias de iões de lítio da última geração, que armazena durante o dia, para vender energia à noite.

 

Antevisão do parque de baterias

Entre os problemas identificados na vasta zona a instalar a Central Solar pelo Estudo de Impacte Ambiental, a que o Sul Informação teve acesso, conta-se a existência de povoamentos florestais que foram instalados ao abrigo de programas celebrados entre o Estado Português e as Sociedades Agro-Pecuárias das Herdades do Negracho, Horta do Sacristão e Horta da Gorda.

«Algumas das medidas ainda se mantêm ativas para efeitos do direito ao pagamento dos apoios, que acompanham o ciclo de maturidade e de produtividade dos povoamentos florestais, o qual pode durar até 20 anos relativamente à data de aprovação dos projetos», admite o promotor do projeto, em resposta aos pedidos de elementos adicionais que lhe foram feitos (Aditamento ao EIA).

Outra questão é a presença, a cerca de 1,5 quilómetros do local onde se prevê a instalação da central, de um casal de Águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti). Tendo em conta as ameaças conhecidas para a espécie, «sobretudo eletrocussão, perda de habitat e perturbação», é recomendado que o EIA inclua «medidas de minimização eficazes que contribuam para a conservação da espécie».

A fase de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental da Central Solar de São Miguel do Pinheiro está aberta até 7 de Fevereiro próximo. Pode participar clicando aqui.

 

 

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