Perímetro de Rega do Mira não pode ser «apenas e só destinado a um tipo de agricultura»

José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, deu entrevista de fundo ao Sul Informação

O Perímetro de Rega do Mira não pode destinar-se «apenas e só» a «um tipo de agricultura». As palavras são de José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, na entrevista de fundo que concedeu ao Sul Informação.

Tema forte desta entrevista são as consequências da Resolução do Conselho de Ministros (RCM) que estabelece um regime especial aplicável ao Aproveitamento Hidroagrícola do Mira no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

Na sexta-feira passada, os presidentes das Câmaras Municipais de Aljezur e Odemira, José Gonçalves e José Alberto Guerreiro, tornaram pública uma Posição Conjunta sobre esta decisão do Governo, manifestando-se «preocupados com os efeitos práticos decorrentes da RCM que permite a continuada densificação de culturas protegidas e consequente pressão social».

O autarca odemirense defendeu que «tem de haver responsabilidade superior no acompanhamento, fiscalização, monitorização e, obviamente, na articulação com as entidades locais», quer no que diz respeito ao alargamento da área de estufas, quer no que diz respeito à angariação de mão de obra.

No âmbito do Grupo de Trabalho que tinha sido criado, no ano passado, pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, Odemira «tomou uma deliberação clara e remeteu-a em tempo devido». Mas, de tudo o que esta autarquia propôs, na RCM apenas foi tomada em consideração «uma regra». «Tudo o resto é diferente!».

José Alberto Guerreiro, autarca eleito pelo PS para a Câmara de Odemira, não hesita em afirmar: «o que foi decretado na RCM abre a porta a situações que alertámos para não serem permitidas». Uma dessas situações é não ser considerado qualquer «limite global» para a instalação de habitações temporárias para os trabalhadores nas explorações.

«Tem de haver bom senso», defende, sobretudo se se quer compatibilizar as regras ambientais do Parque Natural e da Rede Natura 2000 com a agricultura. «Não são atividades incompatíveis», apenas «depende do modelo que queremos implementar», frisou.

Este é apenas um resumo de uma entrevista de mais de 20 minutos, toda dedicada às questões da pressão da agricultura intensiva no concelho de Odemira, na qual o presidente da Câmara não tem receio de deixar bem claras as suas ideias.

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