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A Fóia vai ter um passadiço e um percurso sinalizado para que possam ser contempladas as adelfeiras (rododendros). Esta será uma das faces mais visíveis do projeto LIFE Relict, que pretende recuperar e preservar um habitat que é «reliquial» e um verdadeiro «testemunho do Terciário», há 20 milhões de anos.

Rui André, presidente da Câmara de Monchique, está entusiasmado com o projeto, que está a ser coordenado pela Universidade de Évora e que envolve também o Município de Seia, uma associação de desenvolvimento local (ADRUSE) e um centro de investigação espanhol (CICYTEX).

O autarca explica ao Sul Informação que Monchique tem «condições climáticas únicas para a produção desta planta e, em Monchique, é um ex-libris local. A adelfeira é motivo de produção literária e poesia. A adelfeira faz parte imaginário local e o que pretendemos com o projeto é assegurar que os habitats na zona da Fóia serão garantidos para o futuro. Por outro lado, esperamos que possa constituir mais um atrativo turístico daquela zona, que já é das mais visitadas no Algarve».

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Sul Informação
Rui André

Segundo Rui André, além do aumento «do número de plantas na Fóia, está prevista a criação de um passadiço de madeira, para permitir a visitação sem que haja prejuízo para o habitat». O passadiço «está previsto para o próximo ano. Este ano, estaremos mais dedicados à reprodução das plantas».

Carlos Pinto Gomes, investigador da Universidade de Évora responsável pelo projeto, explicou ao Sul Informação que o LIFE Relict «tem como principal objetivo a recuperação e valorização de um habitat que é reliquial, que é um verdadeiro testemunho do Terciário e que denominamos de laurissilva continental».

O investigador diz que «há a ideia que a floresta laurissilva só existe nos Açores e na Madeira, mas nós também temos cá. O problema é que a nossa laurissilva, por constrangimentos climáticos e gestão território, está ameaçada. Foi isso que levou a pensar como poderíamos recuperar».

No caso de Monchique, o objetivo é o de «recuperar os rododendros ou, como se diz aqui, os adelfais ou adelfeirais», com um projeto financiado, que ronda 1,8 milhões de euros. O LIFE Relict arrancou em Outubro de 2017 e vai prolongar-se até Outubro de 2022.

Segundo Carlos Pinto Gomes, «queremos demonstrar como se pode inverter a situação de estado desfavorável deste habitat, para um estado favorável em termos de conservação. Tem sido um esforço enorme, mas a Câmara de Monchique tem estado sempre muito recetiva».

Uma vez que este é um projeto sem precedentes, «houve alguns problemas, nomeadamente com a regeneração. Não havia nenhum protocolo relativamente à melhor forma de germinar as plantas, de as manter ou fortificar. Felizmente, já ultrapassámos essa fase. Toda a bibliografia que existia indicava que havia problemas de regeneração, mas ninguém sabia porquê. Agora, conseguimos ultrapassar esse obstáculo e é algo que queremos patentear, explicando quais os passos que devem ser dados para que um viveirista possa multiplicar a planta sem constrangimentos».

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Carlos Pinto Gomes

Depois de germinada a planta, o próximo passo é a reintrodução no habitat e, adianta Carlos Pinto Gomes, «já foram plantados alguns exemplares. Os sapadores florestais têm estado a gerir os matos heliófilos e isto está a ajudar o habitat e a prevenir incêndios florestais».

O projeto engloba ainda ações de divulgação da responsabilidade da Câmara de Monchique. «Foram feitos inquéritos, para se saber o que as pessoas pensavam, o que conheciam do projeto, do habitat e da planta. Agora, queremos sensibilizar ao máximo a população local, depois também as escolas e, a nível científico, estamos a fazer várias publicações», explica o investigador.

O balanço do projeto até ao momento é positivo e «queremos que se repliquem estas ações ao vizinho concelho de Aljezur que também tem o mesmo tipo de formações».

Em relação ao percurso e passadiço, o investigador que coordena o projeto diz que «está prevista a criação de um percurso ambiental certificado, principalmente na zona da Fóia, de onde saem vários percursos pedestres, com painéis informativos que chamem a atenção para estes valores, este habitat e, claro, com informação de suporte».

«As pessoas muitas vezes vão à Madeira, aos Açores ou às Canárias para ver floresta laurissilva. Mas não é preciso, basta vir a Monchique», conclui.

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