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Sul Informação - Escrever para um jornal que não existe

Escrever para um jornal que não existe

Confesso que não foi à primeira que aceitei o convite do Sul Informação para começar a escrever uma crónica de opinião neste jornal diário algarvio.

A falta de disponibilidade e muitos afazeres, para além da minha identidade de clérigo algarvio, fizeram-me pensar várias vezes se era oportuno e se seria interessante para os múltiplos leitores deste periódico, a criação deste espaço. Aceitei. Aceitei, porque gosto de pensar sobre o mundo que me/nos rodeia e mais: gosto de questionar esse mundo e, sobretudo, aquilo que nele existe e que nós não reparamos, mas é a marca da constante evolução da espécie humana.

Quero deixar transparecer e transmitir com o que escrever que tudo o que é feito, tudo o que se constrói, tem influência na forma como olhamos o mundo.

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Aqui, nesta superfície da terra, qualquer coisa provoca vento, que, desde a agradável brisa fresca numa tarde solarenga, ao tornado que nos leva a fecharmo-nos isoladamente na carapaça solitária da nossa existência, agita aquilo que nos rodeia e gera mudanças e transformações.

E, neste caso, necessariamente, a perceção da força e da forma do vento não é igual para todo o ser vivo. Cada um encara a sua força de maneira diferente e a aproveita ou desaproveita para si e para construção que faz da sua própria realidade, também à sua medida.

Este vento, a que muitos chamarão outras coisas – vontade, engenho, inteligência, criatividade, imaginação, etc. – é um sopro que nos impele a seguir em frente, em busca da imagem à semelhança da qual fomos criados, pelo menos para mim, que sou sacerdote e crente.

Este vento é a esperança, que se disfarça em cada um de nós para que a vida não pare e o mundo sorria e as pessoas sejam capazes de gestos de bondade e de generosidade. Ou não, o que também é próprio do ser humano. Por isso, Só na lua não há vento.

Para muitos, escrever para o Sul informação é escrever para um jornal que não existe, aliás, para tantos, o Sul Informação nem sequer é um jornal, mas um mero site de notícias na internet. Esquecem-se que, antes de Johannes Gutenberg proporcionar o enorme contributo para a criação da imprensa em papel, já havia notícias, mas noutros suportes, e que a imprensa – no seu sentido mais lato -, no decurso da sua já longa história, foi sempre vista com desconfiança, sobretudo aquando do surgimento de novos media, como a rádio, o cinema, a televisão e, pasme-se, os jornais.

Hoje, para existir um jornal diário não é de todo imprescindível que o mesmo tenha que chegar aos seus destinatários no suporte papel. Aliás, o dicionario.priberam.org (um dos mais credíveis) é explícito nisso, ao afirmar que um Jornal é uma publicação periódica e ao não acrescentar referência ao suporte em que o mesmo é veiculado.

O real não coincide com o físico (quantos foram os filósofos, os físicos, os médicos, pedagogos, entre tantos outros, que, ao longo dos séculos, foram debatendo estas questões e chegando a conclusões mais ou menos complexas?).

A materialidade já não é condição para definir a existência e o tempo e o espaço não são encarados como conceitos estáticos e definitivos. Esta condição da contemporaneidade permite-nos criar coisas que permanecem eternamente ou que se consomem num ápice, quer as possamos agarrar ou apenas procurar, no mundo mágico do digital.

O Sul Informação é, por isso, um jornal. E não um mero jornal, mas é o maior e mais lido jornal diário do Algarve e um dos mais lidos a nível nacional. A informação online é mais rápida, económica e eficaz junto das pessoas.

O objetivo e a credibilidade da notícia não se caracterizam nem nunca se caracterizaram pelo suporte que é usado, mas pela rapidez e proximidade que se promove junto do recetor. E o Sul Informação chega aos seus recetores porque faz vento, já que habita na nossa concreta e bela terra algarvia e não o vácuo imenso da lua. Faz vento, agita e muda o panorama da nossa comunicação. Constrói e é construído. E isso é muito mais profundo do que parece à primeira vista.

E agora, daqui em diante, dá-me a oportunidade de participar desse processo, que vejo como uma honra e uma responsabilidade. Aqui, com o meu pequeno contributo, espero mostrar que esta é uma terra de criação, porque Só na lua não há vento.

 

Autor: O Padre Miguel Neto é diretor do Gabinete de Informação e da Pastoral do Turismo da Diocese do Algarve, bem como pároco de Tavira.

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