Terras sem Sombra marca encontro com o Cante e com o canto das aves em Serpa

Uma Oficina de Cante e um concerto da pianista Ana Telles, inspirado no canto das aves, são os pontos altos do programa

O festival Terras sem Sombra vai a Serpa, no sábado e no domingo, e tem encontro marcado com o Cante Alentejano, com o canto das aves e com a Arca de Noé existente neste concelho.

Este fim de semana, o programa do festival começa com uma “Oficina de Cante”, dada pelo Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, sob a orientação do seu ensaiador, Pedro Mestre, segue com o concerto “À Vol d’Oiseau – Aves e Biodiversidade no Repertório Pianístico – Do Barroco ao Presente,”  um projeto da pianista Ana Telles e do biólogo João Eduardo Rabaça, e  termina com uma passagem no Centro de Experimentação do Baixo Alentejo (CEBA).

A Casa do Cante, em Serpa, é o espaço escolhido para receber, no dia 9 de Fevereiro, às 15h00, a “Oficina de Cante”. Esta será, segundo os organizadores do  Terras sem Sombra, uma atividade que «introduz os participantes no âmago desta tradição musical e fá-los partilhar do seu rico universo artístico e cultural. Torna-se possível a qualquer um, assim, aprender os princípios desta riquíssima tradição musical».

O mesmo grupo de cantadores que vai dinamizar a oficina em Serpa esteve em Washington, a 14 de Janeiro, para dar o pontapé de saída à edição de 2019 do Terras sem Sombra e dar a conhecer o Cante Alentejano, inscrito pela UNESCO na lista do Património Imaterial da Humanidade, ao público norte-americano. É que não se pode descansar à sombra da classificação: o legado tradicional tem que ser constantemente transmitido e reinventado para se manter vivo.

Nesta viagem até ao outro lado do Atlântico, o Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento e o ensaiador Pedro Mestre atuaram no John Kennedy Center for the Performing Arts e deram uma Oficina de Cante.

 

 

Também no sábado, mas a partir das 21h30, o Cineteatro Municipal de Serpa recebe o concerto “À Vol d’Oiseau” – Aves e Biodiversidade no Repertório Pianístico – Do Barroco ao Presente.

«Trata-se de uma inédita aproximação entre os cantos das aves e a sua interpretação musical, em obras de mestres europeus, do século XVIII ao século XX – de Rameau e Couperin a Messiaen e Gubaidulina, sem esquecer o português Francisco de Lacerda. Um concerto que assenta como uma luva ao Terras sem Sombra, um evento preocupado em associar, de modo pioneiro, música (clássica ou contemporânea), biodiversidade e património», segundo os organizadores do festival.

«Os protagonistas vão ser as aves cujas vozes se escutam nos campos serpenses. Isto requereu uma preparação muito especial por parte das personalidades em palco, Ana Telles, uma pianista com enorme paixão pela natureza, e o biólogo João Eduardo Rabaça. Este apresentará, através da imagem e do som, as espécies em questão, de modo a que se identifiquem os seus cantos – e os contextos, nupciais e outros, em que elas ocorrem. Pouco a pouco, num diálogo entre ciência e arte, escutar-se-ão, ao piano, peças inspiradas nesses gorjeios e trinados», acrescentam.

 

 

O domingo, como é habitual no Terras sem Sombra, é dedicado à biodiversidade. Desta vez, o palco será o Centro de Experimentação do Baixo Alentejo (CEBA), em Vila Nova de S. Bento, que «desenvolve um notável trabalho de estudo, preservação e valorização dos recursos genéticos autóctones, tanto animais como vegetais». Ou seja, é uma espécie de Arca de Noé.

O encontro está marcado para as 9h30, na  Herdade da Abóbada, onde decorrerá um périplo guiado pelo médico veterinário Carlos Bettencourt e pelo zootécnico Marcos Ramos. O objectivo é conhecer o trabalho aqui realizado na conservação das raças bovinas (mertolenga e garvonesa), ovinas (campaniça, merinas preta e branca), caprina (serpentina) e suína (alentejana) e o Banco Português de Germoplasma Animal.

Em pareceria com o Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL) a Herdade da Abóbada acolhe também a única população de sobreiros onde os progenitores de cada árvore são conhecidos, além de se destacarem enquanto produtores de cortiça de boa qualidade.

Todas as actividades, organizadas em parceria com o Município de Serpa, são de acesso livre, partindo o Terras sem Sombra a seguir para Monsaraz, Valência de Alcântara, Olivença, Beja, Elvas, Cuba, Ferreira do Alentejo, Odemira, Barrancos, Santiago do Cacém e Sines.

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