Terras sem Sombra apresenta «três séculos» de música europeia a Mértola

O Festival Terras sem Sombra regressa a Mértola no sábado e no domingo e abre a porta à «grande música […]

O Festival Terras sem Sombra regressa a Mértola no sábado e no domingo e abre a porta à «grande música da Europa Central», mas também ao património e à biodiversidade. Além de um concerto com uma formação internacional na requalificada Igreja Matriz de Nª Srª Entre-as-Vinhas, com obras de compositores de renome, esta iniciativa itinerante vai dar a conhecer o centro histórico desta vila e a mostrar as riquezas naturais do concelho.

O ponto alto do programa acontece no sábado, às 21h30, a hora para a qual está marcado o espetáculo “Aos Quatro Ventos: Palimpsestos Musicais da Europa Central (Séculos XIX-XXI)”, organizado em parceria com a Câmara de Mértola e a Embaixada da Hungria.

«Em cena vai estar a melhor criação musical, da época romântica à atualidade, dos países do Grupo de Visegrád – Eslováquia, Hungria, Polónia e República Checa –, com obras de compositores tão marcantes como Chopin, Janácek, Dvorák, Kodály, Dadák, Kurtág, Dusík ou Malec».

Em palco, estará «um elenco de excepção», com músicos vindos destes países, que estudaram todos na Academia Liszt, de Budapeste, parceira do Terras sem Sombra. «A dois cantores que triunfam na ópera, a soprano Anna Furjes e o tenor Miloslav Sykora, juntam-se dois génios do piano, Jan Vojtek e Lukasz Piasecki, a violoncelista Kristina Vocetková, recentemente aclamada nos Estados Unidos, e a virtuosa do cimbalão – instrumento característico da Europa Central – Gabriela Jílková»

Em conjunto, interpretarão «um programa realmente único, que retrata três séculos da vida musical do velho continente».

Também no sábado, mas um pouco mais cedo, às 15h00, «os arqueólogos Cláudio Torres, Susana Gómez e Virgílio Lopes orientarão uma visita ao centro histórico da localidade, dando a conhecer o seu potencial arqueológico e, especialmente, as novas descobertas científicas, com realce para o núcleo de estatuária dos imperadores e os vestígios do forum», segundo a Pedra Angular – Associação dos Amigos do Património da Diocese de Beja, responsável pela organização do festival.

Esta será «uma ocasião verdadeiramente privilegiada para conhecer o coração da localidade e o profundo trabalho aí levado a cabo, de forma sistemática, ao longo de décadas, pelo Campo Arqueológico».

A associação lembra que Mértola, situada na margem do Guadiana, é uma povoação muito antiga, «cujos segredos, ciosamente guardados durante séculos, têm vindo a ser trazidos à luz por Cláudio Torres e pela sua equipa do Campo Arqueológico de Mértola. Nos últimos meses, obras num edifício municipal revelaram, casualmente, vestígios extraordinários da velha Myrtilis. Entre eles, contam-se várias estátuas da Roma imperial, de dimensão heróica, que, a par de outras evidências arqueológicas, levam a reescrever a história antiga do atual território português».

 

O Terras sem Sombras não vai deixar Mértola sem antes dar a conhecer a fauna e a flora locais. No domingo, o público é convidado a partir numa viagem que começa às 9h30 no parque de estacionamento da rotunda à entrada da vila e se desenvolverá ao longo da manhã, tendo como ponto central o Monte das Romeiras, em São João dos Caldeireiros, cujo nome evoca a circulação de peregrinos – o Caminho de Santiago passa aí.

A atividade que será promovida será centrada na gestão da fauna selvagem, com realce para o coelho bravo e a perdiz-vermelha, ambas «espécies basilares» do ecossistema local.

«Delas e, em particular do coelho, depende a sobrevivência de outras, como o lince-ibérico ou a águia-imperial, mas o coelho é muito afetado pela doença hemorrágica viral, epidemia que requer grandes cuidados, do ponto de vista da gestão criteriosa dos efetivos cinegéticos e de medidas de gestão do habitat», explicou a Pedra Angular.

Os participantes serão desafiados a envolver-se, não só através de um percurso para observação de fauna e paisagem, mas também «em tarefas práticas de gestão sustentável da fauna selvagem e recolha de informação para o projeto “Mais Coelho”, incluindo a recolha de amostras em coelhos capturados vivos».

Os trabalhos serão guiados por António Paula Soares (engenheiro biofísico), João Carvalho (engenheiro florestal), Paulo Célio Alves e Marisa Rodrigues (biólogos) e Margarida Duarte e Mónica Cunha (veterinárias).

Nesta iniciativa, os organizadores do Terras sem Sombra contam com a colaboração da ANPC – Associação Nacional de Proprietários Rurais, do CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, da Universidade do Porto, e do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrícola e Veterinária.

As iniciativas do Festival Terras sem Sombra, uma organização da Pedra Angular e do Centro UNESCO de Arquitetura e Arte, são de acesso livre.

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