Please ensure Javascript is enabled for purposes of website accessibility
teatro das figuras

Sul InformaçãoFicaram para trás os ratos, as cobras, a chuva no interior das barracas. A comunidade cigana, que estava instalada na Orada, em Albufeira, tem, desde esta quinta-feira, casas no sítio do Escarpão.

Não são casas luxuosas. São, na verdade, pré-fabricados, mas têm as condições que, durante 24 anos, a família de José Reis, patriarca da comunidade, não teve. Água quente, casa de banho, isolamento do exterior são “luxos” aos quais os oito agregados familiares, que receberam esta quinta-feira as chaves das suas novas habitações, não estavam habituados.

São 33 pessoas, entre elas 18 crianças, que chegaram àquele local com um objetivo: sair dele o mais depressa possível, porque a ideia é que a Aldeia do Sanacai sirva de «incubadora de competências», conforme explicou Patrícia Seromenho, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, responsável pelo projeto.

festival do marisco de olhao

Na cerimónia de entrega das chaves, a provedora, dirigindo-se à comunidade, explicou que a ocupação destas casas é um princípio e não um fim: «hoje é o primeiro dia de 36 meses. O objetivo é que, ao longo destes meses, consigam estar integrados no mercado de trabalho. Que os adultos adquiram competências, para que o possam integrar, e que os meninos sejam alunos de sucesso. O objetivo é que, através da vossa autonomia e rendimentos, pelo vosso trabalho, consigam ter o direito a uma habitação e que consigam sair daqui».

Sul Informação
Catarina Marcelino no interior de uma das habitações

Catarina Marcelino, secretária de Estado para Cidadania e Igualdade, acompanhou a inauguração. Aqui e ali, aproveitava para aconselhar as famílias, para fazer perguntas e até para brincar com as crianças, entusiasmadas com as novas habitações.

Em declarações ao Sul Informação, com a voz trémula, porque a manhã foi de emoções fortes, a governante elogiou o projeto, que considerou um exemplo.

«É um excelente projeto porque não tem só em conta a habitação, mas a integração. A comunidade vai ser acompanhada, para que as crianças tenham aproveitamento escolar, para que as pessoas saibam cuidar das habitações, para que façam formações, para que possam ter o próprio emprego. O objetivo é autonomizar as famílias, para que possam sair daqui e integrarem-se na comunidade maioritária», disse Catarina Marcelino.

Integração foi uma das palavras mais repetidas durante a manhã, mas a verdade é que a Aldeia do Sanacai fica no Escarpão, longe das sedes de freguesias e paredes-meias com uma sucata.

Sul InformaçãoA secretária de Estado assumiu que «a localização é distante e isolada e não posso considerar que isso é positivo, mas tenho a consciência que foi o que foi possível e, às vezes, temos que fazer o que é possível, e a Câmara e a Misericórdia trabalharam fortemente para fazer deste projeto uma realidade».

Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara de Albufeira, comemorou neste dia o seu 60º aniversário e disse ao Sul Informação que a inauguração da Aldeia do Sanacai «é um presente para mim», porque é a «realização do sonho de integrar estas famílias».

O autarca concorda com a secretária de Estado em relação à localização, «que gostava que estivesse mais perto», mas «este foi o local possível, era o terreno de que dispúnhamos para este projeto, não tínhamos mais nenhum».

Ainda assim, apesar da distância, Carlos Silva e Sousa diz que esta «é uma forma de os aproximar de todos nós. À distância estavam eles, porque, estando perto, estavam muito longe, vivendo em barracas sem condições».

Sul Informação
José Reis lembra o local onde vivia anteriormente

«Foram 24 anos a viver na miséria», lembrou, ao Sul Informação, o patriarca José Reis, que agradece à provedora da Santa Casa de Albufeira, que «bastante lutou para que melhorássemos a vida e, enquanto não melhorámos, não descansou. É verdade que às vezes chateávamo-nos com ela e ela connosco, mas era assim, nós já não acreditávamos em nada».

Agora, diz José Reis, «acredito que é verdade, porque estou a ver as casas». E o patriarca vê também um futuro melhor para as filhas e netos que constituem a comunidade.

«As casas estão bonitas e estão boas. O sítio faz um bocado de diferença, porque é desviado e lojas perto não há, mas eles dizem que trazem transporte para os meninos irem para a escola e isso é o principal. Que os meninos vão para a escola com condições, com roupa lavada, com banho, tudo em ordem. É muito melhor, a vida é outra, a situação é outra», conclui o patriarca.

Haverá «um melhor dia amanhã», porque esse, segundo explicou Patrícia Seromenho, é o significado de Sanacai.

 

Fotos: Nuno Costa|Sul Informação

 

 

jf-quarteira

Também poderá gostar

Paderne

Águas do Algarve lança concurso público para remodelação da ETAR de Paderne

rua da oura albufeira

Albufeira aprova Código de Comportamentos

canábis-unsplash

Mais de mil artigos apreendidos em smartshops de Albufeira após relatos de indisposição