Cozinhando na Paisagem do Mosteiro de Santa Maria Flor da Rosa

O Mosteiro de Santa Maria Flor da Rosa, no concelho alentejano do Crato, recebe no sábado, às 18h30, mais uma […]

flor da rosa_1O Mosteiro de Santa Maria Flor da Rosa, no concelho alentejano do Crato, recebe no sábado, às 18h30, mais uma ação performativa do ciclo “Cozinhando na Paisagem”.

Meia hora antes, haverá uma visita àquele monumento nacional, orientada pela historiadora Ana Cristina Pais, que é, aliás, umas das convidadas do artista e cozinheiro Jorge Rocha em mais esta incursão pelo cruzamento entre os caminhos da história, do património e da gastronomia. Todas as iniciativas são de entrada livre.

O Mosteiro de Santa Maria Flor de Rosa será o cenário, mas também a inspiração para mais uma ação performativa que tem em conta as investigações referentes ao monumento, à sua época e a vida das gentes que então o constituíam.
Assim, o menu será inspirado pela época medieval ,sem contudo deixar de ter em conta referências do que ainda hoje constitui a gastronomia local.

A acompanhar esta ação desenhada e elaborada por Jorge Rocha, há duas convidadas: Ana Cristina Pais e Teresa Fernandes, que explicam e contam como se interligam as investigações e descobertas com a ação que se desenrola perante os espectadores.

Ana Cristina Pais é uma das convidadas participantes nesta ação e responsável pela visita guiada ao Mosteiro.

É formada em História de Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e desempenha funções como Técnica Superior na Direção Regional de Cultura do Alentejo, sendo responsável pela área de coordenação de Museus. Desenvolve também programação de atividades culturais e organização de serviço educativo.

Teresa Matos Fernandes também estará presente como convidada participante. Doutorada em Biologia, tem como área de investigação a biologia do esqueleto humano.

Professora auxiliar na Universidade de Évora, tem um vasto currículo em antropologia de campo, que inclui a participação em escavações arqueológicas de cemitérios antigos (entre os quais a Flor da Rosa), e em pesquisas laboratoriais, que visam a reconstituição das formas de vida das populações do passado, nomeadamente dos seus hábitos alimentares e condições sanitárias.

cozinhando na paisagemCozinhando na Paisagem integra-se no projeto PALATO e é uma ação performativa sobre sítios históricos e arqueológicos, um espetáculo gastronómico que decorre nos locais com uma paisagem em pano de fundo, abordando temáticas que colocam a Gastronomia de cada época em cruzamento com os hábitos alimentares da sociedade contemporânea.

Em cada sítio histórico, é montada uma infraestrutura improvisada, que inclui sempre uma mesa para os cozinhados, onde o artista, em conjunto com os investigadores de cada monumento, desenvolve uma ação performativa num formato talk show, cozinhando ao vivo e transmitindo em direto na Internet, assumindo os públicos físicos e virtuais como participantes no processo de criação artística.

O menu, é «inspirado nas entrelinhas da História e da Arqueologia» e por isso considera «as características únicas de cada local» e valoriza «os fatores paisagísticos, patrimoniais e sociais».

Todas as sessões são transmitidas em direto, em www.palato.org/transmissao, resultando num conjunto de paisagens virtuais armazenadas no Canal PALATO do site www.palato.org, sendo estas o foco da investigação artística em curso.

Estão já confirmadas novas sessões do Cozinhando na Paisagem nos Mercados de Olhão, no dia 6 de Setembro, e na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe (Vila do Bispo), a 18 de Outubro.

 

O Mosteiro de Santa Maria Flor da Rosa

Flor da RosaEste Mosteiro situa-se no Distrito de Portalegre, Município do Crato. É um edifício enquadrável nos domínios da arquitetura militar e religiosa, sendo simultaneamente um espaço fortificado e religioso, numa mística de união entre vida de oração e de combate características da arquitetura das Ordens Militares e Religiosas.

Trata-se de um dos mais importantes monumentos góticos em Portugal, possuindo significativa carga simbólica, na medida em que foi concebido como igreja, mosteiro e paço, sede da Ordem do Hospital, numa fase em que esta participava ativamente no esforço de povoamento cristão em direção ao Sul do território.

O início da construção do Mosteiro situa-se por volta de 1340, altura em que o então grão-prior do Hospital, D. Álvaro Gonçalves Pereira, determinou o arranque do estaleiro, eventualmente aproveitando as instalações de um anterior cenóbio no local.

A igreja é a mais importante peça, ocupando a metade nascente do monumento. Ao que tudo indica, este espaço não foi integralmente construído no século XIV e são vários os vestígios de uma posterior tentativa de “cobertura das alas (…) e de sustentação da galeria”, obras provavelmente levadas a cabo no século XV.

As primeiras décadas do século XVI marcam uma importante fase na vida do Mosteiro. Além da reformulação e conclusão das obras do claustro, realizaram-se numerosas outras no paço e na igreja.

O facto de se cruzarem vocabulários artísticos manuelinos, mudéjares e renascentistas, faz supor da existência de várias campanhas, ao longo de praticamente toda a primeira metade do século.

Arruinado o paço em 1615, uma parte importante da igreja desabou em 1897. Entre os anos 40 e 60 do século XX, o monumento foi integralmente restaurado pela DGEMN e adquiriu a forma atual na década 90, altura em que o conjunto foi transformado em pousada, por projeto do arquiteto Carrilho da Graça.

O conjunto, compreendendo o túmulo de D. Álvaro Gonçalves Pereira, foi classificado como Monumento Nacional pelo Decreto de 16/06/1910.

 

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