Segredos do “monte” da Portela da Arca continuam sob a mira dos arqueólogos

Os arqueólogos Pedro Barros e Samuel Melro vão voltar, durante este mês de julho, ao “monte” da Portela da Arca, […]

Os arqueólogos Pedro Barros e Samuel Melro vão voltar, durante este mês de julho, ao “monte” da Portela da Arca, no concelho de Almodôvar, para mais uma campanha de escavações no âmbito do PNTA 2010/2013 – “Projeto Estela: investigação em torno da escrita do Sudoeste”.

Esta será a segunda campanha de investigação naquele sítio da Idade do Ferro, ou seja com cerca de 2400 anos, identificado em 2008/2009 quando, no âmbito do Projeto Estela, os dois arqueólogos fizeram uma batida de campo sistemática desde as linhas de cumeada até ao Rio Mira.

«No montículo artificial de terra, após a confirmação da interpretação inicial como um pequeno povoado da Idade do Ferro, os objetivos para esta campanha passam por contribuir para o conhecimento da Idade do Ferro nesta área central do fenómeno da escrita do Sudoeste», esclarecem os arqueólogos.

Para isso, irão recolher «materiais arqueológicos para se obter uma leitura crono-cultural mais exata do sítio», bem como «juntar mais informação que permita uma comparação com outras locais arqueológicos relacionados», e ainda «compreender se houve, ou não, mais do que uma ocupação durante a Idade do Ferro», entre outros aspetos.

O “monte” de Portela da Arca inscreve-se num rural que partilha as influências mediterrânicas que operaram significativas alterações culturais nesta época e a que a escrita do Sudoeste é um corolário e reflexo. Os dados agora existentes apontam que a última ocupação do sítio, em torno do séc. V/IV a.C., estará associada às comunidades que reutilizam as estelas nas suas necrópoles.

O sítio da Portela da Arca, após a intervenção arqueológica do ano passado, em foto dop Projeto Estela

A Portela da Arca está inserida no conjunto de sítios do planalto dos Montes das Antas, junto da linha de festo entre o rio Mira e a Ribeira de Ferranhas, localiza-se entre as necrópoles da Idade do Ferro de Mouriços/Antas de Cima (escavada no início dos anos 70 do século XX) e a necrópole da Abóbada (intervencionada entre 2010 e 2011 no âmbito daquele projeto).

As escavações agora realizadas – pelas estruturas e fragmentos de cerâmica postos a descobertos – permitem já concluir que se tratava de um «povoamento rural da Idade do Ferro», com uma estrutura  e até um tipo de construção muito semelhante aos montes alentejanos. «O conceito a aplicar aqui é o de monte», sublinhou Pedro Barros em declarações ao Sul Informação, na reportagem publicada no ano passado.

A cumeada da Portela da Arca onde se ergueu este povoado rural há cerca de 2400 a 2500 anos situa-se numa zona pobre em termos agrícolas, de solos xistosos. Nesses tempos, porém, o que agora é terra seca coberta por restolho e alguns sobreiros dispersos, seria um bosque denso, certamente com caça abundante e outros recursos.

Estas escavações acontecem com o apoio logístico da Câmara Municipal de Almodôvar e com a colaboração da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Comentários

pub