Rachmaninov pelo Coro Filarmónico de Câmara da Estónia: uma janela sobre a alma eslava

Vila de Frades receberá no sábado, dia 19 de maio, às 21h30, um concerto do Coro de Câmara Filarmónico da […]

Vila de Frades receberá no sábado, dia 19 de maio, às 21h30, um concerto do Coro de Câmara Filarmónico da Estónia, que entoará as notas que constituem as Vésperas Op. 37 de Sergei Rachmaninov, no cenário setecentista da igreja Matriz de São Cucufate, sob a direção do maestro britânico Daniel Reuss e inserido no Festival Terras Sem Sombra.

No coração desta histórica vila do concelho de Vidigueira, a igreja caracteriza-se, além do valor patrimonial, pela acústica perfeita, muito adequada a repertórios cheios de contrastes e de coloridos, como acontece com esta obra de Sergei Rachmaninov, a mais surpreendente e a mais insólita das muitas que compôs – e também a mais autenticamente russa.

“A música deve exprimir o país natal do seu compositor, os seus amores, a sua religião, os livros que o influenciaram e os quadros que ele amou”, escreveu Rachmaninov.

A sua ligação à Rússia manifesta-se de modo exemplar nestas Vésperas (cujo título se traduziria melhor por Vigília Nocturna). Escritas em 1915, em plena I Guerra Mundial, foram estreadas num concerto de apoio ao esforço militar russo. Profundamente emotivas e espirituais revelam verdadeira mestria no domínio da escrita vocal litúrgica, o que levou a considerá-las a obra-prima do grande artista. São também uma “ponte” entre a tradição ortodoxa e a espiritualidade moderna, profundamente marcada pela angústia existencial.

Fundado em 1981 por Tõnu Kaljuste, que foi seu diretor artístico e maestro principal durante 20 anos, o Coro Filarmónico de Câmara da Estónia (EPCC) é considerado o melhor agrupamento da atualidade na interpretação de um riquíssimo repertório eslavo que se estende do canto gregoriano ao Barroco Tardio e à música do século XX.

Coloca uma ênfase muito especial nas obras dos compositores estónios, divulgando-os internacionalmente. É a primeira vez que apresenta entre nós a versão integral das Vésperas.

Daniel Reuss (n. 1961) estudou direção coral no Conservatório de Roterdão, sob a orientação de Barend Schuurman. Em 1990 foi nomeado maestro titular da Cappella Amsterdam, que transformou num agrupamento profissional.

Maestro titular do RIAS Kammerchor, de Berlin, de 2003 e 2006, viu a sua ação distinguida com vários prémios. O CD com obras de Martin e Messiaen recebeu, em 2004, o Diapason d’or de l’année e o Preis der Deutschen Schallplattenkritik.

 

Biodiversidade, vinhas e monumentos

Fiel ao compromisso com a salvaguarda da biodiversidade, o Festival Terras sem Sombra promove, no dia 20, com início às 10h30, um percurso de interpretação da natureza, de Vila de Frades ao sítio arqueológico de São Cucufate (villa romana que hospedou, na Idade Média, um mosteiro).

Trata-se de uma iniciativa organizada em parceria com o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, que lança um olhar renovado sobre as terras que foram de D. Vasco da Gama, 1.º conde de Vidigueira, zona de excecional riqueza agrícola, cuja fama o escritor Fialho de Almeida (nascido em Vila de Frades em 1857) imortalizou como o “País das Uvas”.

A importância histórica da região deve-se, em larga medida, às videiras e às variedades tradicionais de uva, muitas das quais antiquíssimas. O percurso visa também compreender esta atividade e como a mesma tem evoluído (e resistido) ao longo dos séculos.

Para além da observação da fauna e da flora, realizar-se-á ainda uma sessão de fotografia da natureza. Associam-se à atividade o Agrupamento de Escolas de Vidigueira, a Câmara Municipal de Vidigueira, a Junta de Freguesia de Vila de Frades e a Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito.

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