ANACOM recebeu 93 queixas após desligamento do emissor da Fóia

A Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) tinha recebido ontem, até às 19 horas, 93 reclamações devido ao desligamento do emissor […]

A Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) tinha recebido ontem, até às 19 horas, 93 reclamações devido ao desligamento do emissor de sinal analógico de televisão da Fóia, que abrange diversos concelhos do Algarve e Alentejo.

Eduardo Cardadeiro, administrador da ANACOM com o pelouro da TDT, tem corrido o país em reuniões de trabalho com autarcas e com a própria Portugal Telecom, empresa que ganhou o concurso para implementar a rede TDT em todo o país.

O administrador da TDT tinha recordado aos jornalistas, na quinta-feira, em Portimão, que o contrato com a PT exige uma taxa de cobertura da TDT em todo o território nacional de 90%, o que está a acontecer.

«Não é exigível que a PT garanta mais cobertura, mas nada o impede», esclareceu. «A PT pode ir acrescentando emissores, retransmissores, na sequência dos contactos que vai mantendo com as autarquias» e à medida que vão sendo detetadas necessidades concretas de alguns locais.

Ou seja, «existe a disponibilidade da PT no sentido de reforçar aqui ou acolá a cobertura TDT, reduzindo a percentagem da população que tem acesso a satélite e aumentando a percentagem de população com acesso à rede TDT».

A verdade é que ontem, a partir das 11 horas, quando foi desligado o sinal analógico de televisão da Fóia, no concelho de Monchique houve pelo menos 400 pessoas, em grande parte idosos, que ficaram sem acesso aos quatro canais de televisão RTP1, RTP2, SIC e TVI.

Humberto Varela, presidente da Junta de Freguesia de Alferce, disse que o “apagão” foi especialmente sentido nesta freguesia, que em «90% do seu território não é abrangida pelo sinal TDT terrestre».

«Trata-se de uma zona serrana, onde a população é na sua maioria idosa e não tem recursos económicos para gastar 138 euros na aquisição de equipamentos para receber o sinal por satélite. Muitos recebem reformas na ordem dos 200 e poucos euros que nem para os medicamentos chegam», lamentou o autarca, fazendo votos para que a situação possa ser resolvida com um reforço do sinal TDT terrestre.

Também no vizinho Alentejo se registaram problemas pontuais em zonas serranas. Em Ourique, a PT instalou um retransmissor, no fim de semana passado, resolvendo o problema de grande parte da anterior «zona de sombra». Apenas se verificam dificuldades na zona sul e serrana do concelho, em Santana da Serra.

Em Odemira, também se verificam problemas pontuais na freguesia de São Teotónio.

110 mil famílias e apenas 93 queixas

O administrador da ANACOM Eduardo Cardadeiro tinha já revelado que, na área de influência do emissor da Fóia, residem 110 mil famílias, das quais 70 mil têm televisão paga e as restantes 40 mil recebiam o sinal analógico. São essas que agora terão de migrar para o serviço da TDT.

Para uma parte destas pessoas, porém, não basta apenas ter um aparelho de televisão preparado para a TDT ou comprar um descodificador de sinal, por 25 euros. Algumas residem em zonas onde o acesso ao sinal digital terá de ser feito recorrendo a satélite, o que representa alguns custos acrescidos.

«Está previsto que 90% da população do país terá cobertura TDT», enquanto apenas 10% das pessoas estarão em zonas DTH, com receção por satélite, garantiu o administrador da ANACOM.

No âmbito da primeira fase do plano para a cessação das emissões analógicas terrestres de televisão, foi esta segunda-feira, dia 11, desligado o emissor da Fóia, bem como os retransmissores de Santiago do Cacém, Cercal do Alentejo, Odemira, Odeceixe, Monchique, Aljezur e Silves.

Este desligamento tem efeitos nos concelhos de Monchique, Aljezur, Albufeira, Lagoa, Lagos, Portimão, Silves, Vila do Bispo, no Algarve, e ainda Aljustrel, Odemira, Ourique, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no Alentejo.

O próximo passo vai ter lugar a 1 de fevereiro com o desligar do transmissor de Monsanto, em Lisboa, e dos retransmissores de Areeiro, Barcarena, Caparica, Carvalhal, Cheleiros, Estoril, Graça, Montemor-o-Novo, Odivelas, Sintra, Malveira, Sobral de Monte Agraço, Coruche e Cabeção.

A primeira fase da TDT começou no dia 12 de janeiro, com o desligamento do emissor de televisão analógica de Palmela, que servia a península de Setúbal e alguns concelhos alentejanos e terminou agora, a 23 de janeiro, com o desligamento do da Fóia.

A segunda fase terá lugar a 22 de março e passa pelo desligamento dos emissores e retransmissores das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

A última fase, que abrangerá o emissor de S. Miguel, no Algarve, está marcada para 26 de abril.

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